Bolsonaro mencionou o caso do filho ’04’ ao se queixar de uma alegada perseguição à família e relembrou o fato de a avó da primeira-dama, Michelle, ter sido presa por tráfico de drogas, o que ele disse ter ficado sabendo pela imprensa. Nos bastidores, há relatos de uma relação turbulenta entre Jair Renan e a primeira-dama.
Por Redação - de Brasília
O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse nesta quarta-feira que o filho Jair Renan, ou ’04’ como também é conhecido, vive com a mãe e está longe dele "há muito tempo”, portanto, não sabe se ele está certo ou errado diante das investigações de tráfico de influência em seu governo.
Filho '04' do presidente Jair Bolsonaro (PL), o empresário Jair Renan compareceu à outras intimação da PF
Filho de seu segundo casamento, Jair Renan é alvo de inquérito do Ministério Público Federal (MPF) desde março do ano passado sob suspeita de tráfico de influência e lavagem de dinheiro. Na semana passada, ele prestou depoimento à Polícia Federal.
— O moleque tem 24 anos agora, acho que ninguém (aqui) conhece ele, vive com a mãe, há muito tempo está longe de mim, mas recebo ele de vez em quando aqui. Tem a vida dele, não sei se está certo ou se está errado, mas peço a Deus que o proteja — desconversou Bolsonaro, em um café da manhã com pastores da Assembleia de Deus no Palácio da Alvorada.
Tráfico
Bolsonaro mencionou o caso do filho ’04’ ao se queixar de uma alegada perseguição à família e relembrou o fato de a avó da primeira-dama, Michelle, ter sido presa por tráfico de drogas, o que ele disse ter ficado sabendo pela imprensa. Nos bastidores, há relatos de uma relação turbulenta entre Jair Renan e a primeira-dama.
Ainda que tenha tentado deixar claro seu distanciamento do filho, Bolsonaro minimizou o caso em apuração e citou que o pedido de abertura do inquérito ao Ministério Público foi feito por deputados da oposição.
— A gente apanha o tempo todo. Pega uma ida dele (Jair Renan) ao ministério, daí tinha um grupo lá de pessoas tentando vender, vender é jeito de falar, projeto de novos tipos de carros popular. E daí foi suficiente para falar em tráfico de influência — acrescentou.
O caso em apuração pela Polícia Federal teve início com a doação de um carro elétrico, avaliado em R$ 90 mil, por empresas do Espírito Santo a um projeto parceiro da empresa de Jair Renan, a Bolsonaro Jr. Eventos e Mídia.
Revoltado
A Bolsonaro Jr. e o projeto MOB, de propriedade do ex-personal trainer de Jair Renan, Allan Lucena, inauguraram em outubro de 2020 o empreendimento Camarote 311, no estádio Mané Garrincha, em Brasília.
Segundo o diário conservador paulistano Folha de S. Paulo, Jair Renan também mostrou que a cobertura com fotos e vídeos da festa de inauguração de sua empresa foi realizada gratuitamente por uma produtora de conteúdo digital e comunicação corporativa que presta serviços ao governo federal. Somente em 2020, a empresa produtora Astronautas Filmes recebeu R$ 1,4 milhão do governo Bolsonaro.
A abertura da empresa de Renan foi revelada, inicialmente, pela revista semanal de ultradireita Veja. Segundo a publicação, Renan solicitou ao gabinete da Presidência da República uma audiência para tratar de interesses comerciais de um de seus patrocinadores do Espírito Santo. Na semana passada, Jair Renan prestou depoimento de cinco horas à PF. Antes, ele concedeu entrevista ao canal aberto de TV SBT, em que disse estar revoltado e negou as acusações.
— Eu me sinto revoltado com tudo isso que tá acontecendo. Nunca recebi nenhum cargo, nenhum dinheiro, nunca fiz lavagem de dinheiro, e estão tentando me incriminar numa coisa que não fiz — concluiu.