Rio de Janeiro, 26 de Junho de 2025

Presidente do BC fica surpreso com alta exagerada dos preços

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Segunda, 11 de Abril de 2022 às 14:21, por: CdB

A alta do IPCA foi puxada pelo mega-aumento de combustíveis e pela carestia de alimentos, reflexos econômicos da guerra entre Rússia e Ucrânia. Tratou-se da maior elevação para o mês de março desde 1994 (42,75%), antes da implementação do real. No acumulado de 12 meses, foi o maior patamar desde outubro de 2003 (13,98%) e a segunda maior alta desde 1999.

Por Redação - de Brasília
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta segunda-feira que a inflação no Brasil está "muito alta" e que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em março foi uma "surpresa" para a autoridade monetária. Na última sexta-feira, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que o índice oficial de inflação do país acelerou para 1,62% em março e chegou a 11,30% no acumulado de 12 meses.
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Presidente do Banco Central, Campos Neto também preside o Conselho de Política Monetária (Copom), que regula a taxa de juros oficial do país (Selic)
— A gente teve um índice mais recente que foi uma surpresa. A gente estava vendo uma velocidade da passagem do combustível para a bomba mais rápida e, por isso, esse próximo índice seria um pouco maior e o próximo (abril) um pouco menor. Parte foi isso, mas houve outros elementos, como vestuário e alimentação fora do domicílio, que vieram uma surpresa grande — afirmou o executivo.

Realidade

A alta do IPCA foi puxada pelo mega-aumento de combustíveis e pela carestia de alimentos, reflexos econômicos da guerra entre Rússia e Ucrânia. Tratou-se da maior elevação para o mês de março desde 1994 (42,75%), antes da implementação do real. No acumulado de 12 meses, foi o maior patamar desde outubro de 2003 (13,98%) e a segunda maior alta desde 1999, início do sistema de metas para a inflação. — A realidade é que nossa inflação está muito alta, os núcleos estão muito altos. A gente tem comunicado com a maior transparência possível o nosso processo de enfrentamento em relação a essa inflação mais alta e mais persistente — acrescentou o presidente do BC. Em dois dígitos, o IPCA encontra-se distante da meta de inflação perseguida pelo BC neste ano. O valor fixado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para 2022 é de 3,5% — com 1,5 ponto percentual de tolerância para cima e para baixo.​

Selic

Se as estimativas do mercado forem confirmadas, 2022 será o segundo ano consecutivo de estouro da meta, o que levará Campos Neto a escrever uma nova carta com suas justificativas para o descumprimento do objetivo. A inflação fechou 2021 em 10,06%, maior alta desde 2015. Em uma tentativa de frear a inflação, a escalada dos juros já completa um ano no Brasil. Em 16 de março, o Comitê de Política Econômica (Copom) do BC elevou a Selic (taxa básica) em 1 ponto percentual, de 10,75% para 11,75% ao ano. Para a próxima reunião, em maio, o colegiado sinalizou uma nova alta da mesma magnitude, já mirando o ano de 2023 dada a defasagem dos efeitos da política monetária na economia. Em março, o presidente do BC tinha indicado que o próximo ajuste seria a última elevação na taxa de juros, encerrando o ciclo do aperto monetário com a Selic em 12,75% ao ano. De acordo com Campos Neto, a autoridade monetária "está analisando a surpresa [na inflação] para ver se muda alguma coisa na tendência”. — A gente vai olhar, analisar os fatores que estão gerando essas surpresas inflacionárias e vai comunicar isso num momento que for mais apropriado — concluiu.
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