O novo primeiro-ministro francês, Sébastien Lecornu, tomou posse com o país enfrentando um dia de protestos.
Por Redação, com RTP – de Paris
Em Paris, mais de 145 pessoas foram identificadas pela polícia e 34 ficaram detidas. É o balanço mais recente das manifestações na França. No dia em que Sébastien Lecornu toma posse para liderar o governo francês, milhares de pessoas tomam as ruas de várias cidades. Há mesmo quem diga que a decisão do presidente francês de nomear um aliado foi uma “bofetada”.

“Precisamos de mudança” é uma das frases de ordem que mais se ouve nesta quarta-feira, dia de protestos convocados pelo movimento, majoritariamente de esquerda, “Bloquear Tudo”.
Em Paris, a polícia impediu que “mil pessoas” invadissem a estação Gare du Nord. Citadas pela France24, as autoridades foram obrigadas a intervir para evitar que “um grande grupo” entrasse na estação de trens.
Antes, outros grupos de manifestantes tentaram bloquear uma das principais estradas de Paris durante o horário de pico, conta a agência norte-americana de notícias Associated Press (AP). Ergueram barricadas e atiraram objetos contra a polícia.
Em Marselha, no sul do país, a polícia impediu 200 manifestantes de bloquear uma estrada principal, adianta a agência francesa de notícias Agence France-Presse (AFP).
O ministro francês do Interior, Bruno Retailleau, disse aos jornalistas esta manhã que cerca de 50 pessoas encapuzadas tentaram iniciar um bloqueio em Bordéus.
Em Toulouse, um incêndio, que foi rapidamente contido, interrompeu o tráfego entre Toulouse e Auch, no sudoeste da França.
Em outras áreas do país, a Vinci, empresa concessionária de autoestradas, relatou protestos e interrupções no trânsito por toda o país, incluindo Montpellier, Nantes e Lyon.
Por toda a França, foram mobilizados 80 mil integrantes de forças de segurança.
O novo primeiro-ministro francês, Sébastien Lecornu, tomou posse com o país enfrentando um dia de protestos.
Lecornu prometeu no X que o seu governo vai trabalhar para a “estabilidade política e institucional que garanta a unidade do país”.
“Bloqueiem Tudo”
As reivindicações dos manifestantes do movimento “Bloqueiem Tudo” vão desde o abandono da ideia de Bayrou de abolir dois feriados anuais, até à redução dos custos médicos para os assalariados e a implementação de condições mais generosas de baixa por doença.
Macron nomeou Lecornu primeiro-ministro nessa terça-feira, um dia depois de o antecessor, François Bayrou, ter perdido um voto de confiança no Parlamento.
Lecornu é visto pelos analistas como um homem discreto, mas altamente qualificado que, vantajosamente para Macron, não tem qualquer ambição de se tornar presidente.
Lecornu torna-se o sétimo primeiro-ministro desde que Macron tomou posse em 2017, o quinto desde o início do segundo mandato presidencial em 2022 e o terceiro no espaço de um ano.
A dimensão total dos protestos desta quarta-feira tem sido difícil de avaliar devido ao envolvimento mínimo dos sindicatos, a maioria dos quais planeja seu próprio dia de greves e protestos generalizados para 18 de setembro.