Rio de Janeiro, 30 de Agosto de 2025

Policiais militares são presos por extorsão na Baixada Fluminense

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Quinta, 14 de Agosto de 2025 às 11:07, por: CdB

Segundo a denúncia, o grupo exigia pagamentos mensais de comerciantes de Belford Roxo entre 2021 e 2024.

Por Redação, com Agenda do Poder – do Rio de Janeiro

O Ministério Público do Rio de Janeiro prendeu, nesta quinta-feira, oito policiais militares acusados de integrar um esquema de cobrança de propina a comerciantes de Belford Roxo, na Baixada Fluminense. Dois ainda estão sendo procurados.

Policiais militares são presos por extorsão na Baixada Fluminense | O esquema teria funcionado entre 2021 e 2024, quando os policiais estavam lotados no 39º BPM (Belford Roxo)
O esquema teria funcionado entre 2021 e 2024, quando os policiais estavam lotados no 39º BPM (Belford Roxo)

A ação é um desdobramento da Operação Patrinus, que investiga a atuação criminosa dentro do 39º BPM (Belford Roxo).

Segundo a denúncia, o grupo exigia pagamentos mensais de comerciantes de Belford Roxo entre 2021 e 2024. Em troca, oferecia proteção usando viaturas, armas e fardas da própria corporação.

Os donos de estabelecimentos, como restaurantes, mercados, farmácias, postos e até um ponto do Detran, eram chamados informalmente de ‘padrinhos’.

“Destaca que policiais militares, que deveriam proteger a população sem cobrar qualquer valor, recebem, solicitam ou exigem de prestadores de atividades econômicas o pagamento de taxas para, justamente, prover o serviço de segurança, no exercício de suas funções e utilizando-se de viatura, uniforme e armamento da corporação”, ressalta o MP.

Os agentes cumprem 10 mandados de prisão e busca e apreensão na capital e em cidades da Baixada Fluminense, como Duque de Caxias, Belford Roxo, Magé e Nova Iguaçu. A operação tem o apoio da Corregedoria da Polícia Militar.

O Grupo de Atuação Especial de Segurança Pública (Gaesp) já havia denunciado, em julho, outros 11 PMs do mesmo batalhão por práticas semelhantes.

Nas fases anteriores, a investigação apontou que grupos de militares cobravam taxas para não reprimir atividades irregulares, vendiam armas e drogas apreendidas e chegavam a se autointitular “pior que milícia”.

Chefão do Comando Vermelho paga R$ 24 mil por cirurgia em hospital de luxo

Alexander de Jesus Carlos, conhecido como Choque, chefe do tráfico na favela de Manguinhos, Zona Norte do Rio, foi submetido a uma cirurgia de vesícula no Hospital Samaritano, em Botafogo, um dos mais luxuosos da cidade. O procedimento, realizado na última sexta-feira, custou ao menos R$ 24 mil, incluindo diária hospitalar de quase R$ 5 mil, pagos pelo próprio detento. A informação levou o juiz titular da Vara de Execuções Penais a revogar a gratuidade de Justiça que ele possuía, benefício destinado a quem não tem condições de arcar com despesas processuais.

Preso desde 2008 e considerado de altíssima periculosidade, Choque teve autorização judicial para deixar a unidade prisional e realizar o procedimento fora do sistema penitenciário. Antes disso, o traficante havia passado por atendimentos no ambulatório do presídio e em unidades de saúde públicas, mas relatou dores persistentes e manifestou desejo de operar em hospital particular. O juiz responsável avaliou que a escolha seria possível desde que a unidade estivesse em área segura, e o Samaritano foi apontado como local ideal.

Estrutura de alto padrão

O Hospital Samaritano é conhecido por oferecer leitos de alto padrão, com quartos luxuosos equipados com poltronas massageadoras, frigobar, TV, Wi-Fi e serviço de camareira. Mesmo com previsão inicial de apenas um dia de internação, Choque permaneceu mais tempo devido à descoberta de pus na vesícula, o que demandou tratamento adicional e um segundo procedimento cirúrgico.

Debate jurídico

A autorização reacendeu a discussão sobre a possibilidade de presos realizarem procedimentos em hospitais particulares. Especialistas em Direito Penal afirmam que a Lei de Execuções Penais permite o atendimento fora do sistema penitenciário quando não há recursos adequados na rede pública ou em casos de urgência comprovada, desde que autorizado por um juiz. No entanto, a escolha de unidades privadas é considerada excepcional.

O Tribunal de Justiça do Rio informou que a decisão seguiu determinação da Vara de Execuções Penais, e a Secretaria de Administração Penitenciária garantiu que o detento permaneceu sob escolta durante todo o período de internação. Choque recebeu alta na quarta-feira e foi reconduzido ao presídio, onde aguarda transferência para uma penitenciária federal.

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