Ação do Ministério Público e da Polícia Militar mira integrantes ligados ao PCC e revela uso da comunidade como base para armazenar drogas e armas.
Por Redação, com Agenda do Poder – de São Paulo
Uma operação conjunta do Ministério Público de São Paulo e da Polícia Militar prendeu, na manhã desta segunda-feira, sete pessoas acusadas de chefiar o tráfico de drogas na Favela do Moinho, localizada nos Campos Elísios, região central da capital paulista.

Entre os detidos está Alessandra Moja, apontada como principal alvo da investigação. Irmã do traficante Leonardo Moja, o Leo do Moinho — preso no ano passado —, ela se apresentava como líder comunitária, mas, segundo a apuração, atuava para proteger os interesses do irmão, integrante do Primeiro Comando da Capital (PCC). A filha de Alessandra também foi presa na operação.
Estrutura criminosa e outros detidos
As prisões incluem ainda José Carlos Silva, que teria sido escolhido como substituto de Leonardo na liderança da favela, e Jorge de Santana, dono de um bar acusado de armazenar drogas e armas para a facção.
Outros detidos são Leandra Maria, que assumiu o comando de uma célula do tráfico na Cracolândia; Paulo Rogério, suspeito de controlar a distribuição de entorpecentes; e Cláudio Celestino, investigado por envolvimento com tráfico e cobrança de propinas.
Ao todo, foram expedidos 10 mandados de prisão preventiva e 21 de busca e apreensão. A defesa dos presos não foi localizada até o momento.
Extorsão de moradores
De acordo com o Ministério Público, o grupo criminoso também extorquia moradores da comunidade que aceitavam sair do Moinho para viver em imóveis oferecidos pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU). Além disso, a investigação aponta que os criminosos manipulavam e financiavam movimentos sociais locais, com o objetivo de dificultar a remoção das famílias e manter o controle sobre a área.
Os promotores afirmam que as ações eram coordenadas a mando de Leo do Moinho, detido em agosto de 2023 na Operação Salus et Dignitas.
Programa de remoção e urbanização
A Favela do Moinho, erguida entre duas linhas de trem, é considerada a última grande favela da região central da capital. Em abril, o governo paulista lançou a Operação Dignidade Comunidade do Moinho, em parceria com o governo federal, para oferecer moradia digna às famílias.
Dois meses depois, em junho, foram anunciados os detalhes do programa. Até agora, pouco mais da metade dos moradores já deixou o local. O objetivo do governo estadual é remover todas as 824 famílias e transformar a área em um parque.
Base do PCC
Apesar dos avanços do programa habitacional, a investigação do Ministério Público afirma que a Favela do Moinho ainda é utilizada pelo PCC como ponto estratégico. O espaço serviria tanto como esconderijo de armas quanto como centro de distribuição de drogas.
Segundo os investigadores, a operação desta segunda-feira é mais um passo para enfraquecer a estrutura da facção criminosa no coração de São Paulo, mas o desafio de desarticular completamente a influência do grupo sobre a comunidade permanece.