Segundo as investigações, provedores ilegais apoiados pela facção impunham seus serviços à população por meio de coerção, sabotagens e ameaças.
Por Redação, com Agenda do Poder – do Rio de Janeiro
A Polícia Civil do Rio de Janeiro deflagrou, nas primeiras horas desta terça-feira, uma operação para desarticular uma ampla rede de fornecimento clandestino de Internet que vinha sendo usada como uma das principais fontes de financiamento do Comando Vermelho (CV).

Segundo as investigações, provedores ilegais apoiados pela facção impunham seus serviços à população por meio de coerção, sabotagens e ameaças, além do uso de equipamentos furtados e veículos sem identificação. As informações são da coluna Na Mira, do portal Metrópoles.
A ação está sendo conduzida por agentes da Delegacia de Defesa dos Serviços Delegados (DDSD) e da 21ª Delegacia de Polícia (Bonsucesso), com apoio da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core). Ao todo, estão sendo cumpridos 15 mandados de busca e apreensão em endereços nos municípios do Rio de Janeiro, Duque de Caxias, São Gonçalo e Cabo Frio. Os alvos incluem imóveis ligados às empresas Inovanet Telecom, Networking Telecom e à S1 Telecom, esta última registrada sob o nome empresarial “Fibra Rio”.
De acordo com a polícia, essas empresas atuavam como braços operacionais do esquema criminoso, mantendo monopólio forçado do serviço de internet em comunidades sob domínio do CV. Em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, investigadores documentaram em vídeo e fotografias a destruição de cabos de fibra óptica de empresas concorrentes por operários ligados às empresas investigadas, em ação típica de sabotagem.
Imposição e controle territorial
Na Praça Seca, na Zona Oeste da capital, novos flagrantes reforçaram as denúncias. Agentes observaram um veículo da Fibra Rio realizando patrulhamentos informais pela região, em locais onde concorrentes haviam sido eliminados do mercado à força. Segundo os investigadores, a empresa atuava com exclusividade e sob proteção da facção, impedindo qualquer tentativa de concorrência.
Em outro ponto de investigação, a polícia localizou um depósito clandestino com equipamentos de rede furtados, além de peças automotivas de origem suspeita. A análise patrimonial dos envolvidos também revelou a compra de veículos provenientes de leilões de seguradoras, estratégia usada para dificultar o rastreamento dos automóveis e mascarar bens usados nas operações criminosas.
A estrutura da rede era organizada com divisão clara de funções: logística, sabotagem, controle de território e operacionalização do serviço. De acordo com a Polícia Civil, a configuração se enquadra nos critérios de organização criminosa previstos na Lei nº 12.850/2013, além de envolver crimes como perturbação de serviços de telecomunicações, receptação e lavagem de dinheiro.
Violação à cidadania digital
Em nota, a Polícia Civil destacou que o domínio de facções sobre a infraestrutura de Internet representa uma grave violação aos direitos fundamentais da população. Ao impedir a atuação de provedores legítimos, esses grupos restringem o acesso à comunicação, à informação e ao exercício pleno da cidadania digital, ferramentas hoje indispensáveis para educação, trabalho remoto, serviços públicos e participação social.
A corporação também alerta que o modelo criminoso distorce o mercado de telecomunicações ao eliminar a concorrência por meio da violência, elevar preços e oferecer serviços de baixa qualidade, sem qualquer fiscalização ou garantia ao consumidor.
Segundo a PCERJ, o objetivo da operação é apreender documentos, mídias digitais, equipamentos e registros financeiros que comprovem o envolvimento das empresas no esquema criminoso. O material recolhido será periciado e deverá subsidiar novas diligências, além de ações penais e civis contra os responsáveis.