Operação Cassandra identificou cerca de 70 vítimas exploradas sexualmente e resultou em prisões e buscas em seis estados brasileiros.
Por Redação, com Agenda do Poder – de Brasília
A Polícia Federal deflagrou nesta quarta-feira a Operação Cassandra, uma ação de grande porte voltada a desarticular uma organização criminosa transnacional acusada de tráfico internacional de pessoas para fins de exploração sexual. De acordo com as investigações, o grupo atuava desde 2017 e já havia submetido pelo menos 70 mulheres a situações de exploração, sob rígido controle exercido por seus integrantes.

Esquema internacional e lavagem de dinheiro
Segundo a PF, a rede criminosa se especializou em recrutar e transportar mulheres para o exterior, onde eram forçadas a atuar em esquemas de exploração sexual. Para garantir os lucros e ocultar a origem ilícita dos recursos, os criminosos utilizavam diferentes mecanismos de lavagem de dinheiro, fraudes documentais e operações financeiras irregulares.
Os investigados poderão responder por uma série de crimes: organização criminosa, tráfico internacional de pessoas para fins de exploração sexual, rufianismo, lavagem de dinheiro, falsidade documental, crimes contra o sistema financeiro nacional e contra a ordem tributária.
Cooperação internacional
A Operação Cassandra foi conduzida em cooperação com autoridades estrangeiras, contando com a Europol e o Garda National Protective Services Bureau, da Irlanda. Paralelamente, o país europeu desencadeou a Operation Rhyolite, destinada a apurar crimes cometidos pelo mesmo grupo em território irlandês.
Essa articulação reforça a dimensão internacional da investigação e a necessidade de atuação conjunta para enfrentar redes criminosas que operam além das fronteiras nacionais.
Mandados e prisões
No Brasil, a operação mobilizou 120 policiais federais e sete servidores da Receita Federal. Ao todo, foram cumpridos cinco mandados de prisão preventiva e 30 mandados de busca e apreensão em seis estados: Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Minas Gerais e Mato Grosso.
Além disso, a Justiça Federal decretou 13 medidas restritivas de direitos contra suspeitos de envolvimento no esquema. A Receita Federal participou da ação para rastrear os fluxos financeiros e identificar o patrimônio adquirido com os lucros ilícitos.
Um passo contra a exploração
O impacto da operação vai além da repressão direta à organização criminosa: ela sinaliza o esforço de cooperação internacional no combate ao tráfico humano e expõe a complexidade do enfrentamento desse tipo de crime, que combina violência contra mulheres e sofisticadas engrenagens de ocultação de recursos.
Com o avanço das apurações, a Polícia Federal deve aprofundar a identificação de vítimas e cúmplices, reforçando a necessidade de ações conjuntas para combater redes que exploram a vulnerabilidade de mulheres e transformam o tráfico humano em fonte de enriquecimento criminoso.