Duas reformas promoveram uma verdadeira tragédia social. A reforma trabalhista criou um universo de trabalhadores sem direitos, à margem do sistema de proteção social. Um universo onde o vínculo formal virou exceção e a regra é o trabalho informal, o intermitente.
Por Jandira Feghali - do Rio de Janeiro
Duas reformas promoveram uma verdadeira tragédia social. A reforma trabalhista criou um universo de trabalhadores sem direitos, à margem do sistema de proteção social. Um universo onde o vínculo formal virou exceção e a regra é o trabalho informal, o intermitente. Nesta situação, milhões de trabalhadores e trabalhadoras estão fora do sistema previdenciário.Constituição
Está inscrito em nossa Constituição que é “dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.” Na orfandade, faz-se mais do que urgente que o Estado cumpra tal determinação. Uma tragédia se abateu sobre essas crianças e adolescentes. Uma tragédia evitável se o governo tivesse tomado iniciativas para preservas vidas, garantir vacinas. Mas, a prioridade foi outra. Agora uma geração baterá às suas portas em condição de pobreza ou extrema pobreza. E, sabemos, as encontrarão fechadas. A luta pelo auxílio emergencial de R$ 600,00 era uma luta para evitar que mais pessoas adoecessem e fossem transmissoras do vírus. Que pudessem ter um mínimo para o sustento de suas famílias e seguir as orientações de isolamento social. Qualquer governo comprometido com seu povo teria garantido o auxílio maior por mais tempo. Era o mínimo que este governo poderia fazer. E apesar da nossa resistência, sabemos neste momento, para qual das filas o governo mandará os órfãos da pandemia.Jandira Feghali é médica, deputada federal (RJ) e líder da oposição na Câmara.
As opiniões aqui expostas não representam necessariamente a opinião do Correio do Brasil