Recordes de temperatura estão sendo quebrados em centenas de cidades no Sul, Sudeste, Centro-Oeste e até no Nordeste. Em Quaraí-RS, em 4 de fevereiro, fora registrado 43,8ºC às 15h, estabelecendo marca histórica em 115 anos de medições oficiais do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET).
Por Lufe Bittencourt – de São Paulo
Desde o início de 2025 já tivemos quatro ondas de calor no Brasil (uma em janeiro, e as demais em fevereiro, ou ‘ferveiro’, como muitos estão denominando o mês), e uma quinta se formou no último dia de fevereiro, e se prolongará até o dia 9 de março, o que provocou calor extremo durante o período do carnaval, atingindo primordialmente o Centro-Sul brasileiro.

Recordes de temperatura estão sendo quebrados em centenas de cidades no Sul, Sudeste, Centro-Oeste e até no Nordeste. Em Quaraí-RS, em 4 de fevereiro, fora registrado 43,8ºC às 15h, estabelecendo marca histórica em 115 anos de medições oficiais do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET).
Já em Porto Alegre, em 11 de fevereiro, a temperatura máxima fora de 39,5ºC às 15h. No Rio de Janeiro, em 17 de fevereiro, o termômetro chegou aos 41,3ºC às 12h. E em São Paulo, no mesmo dia, a máxima chegou aos 34ºC às 15h, só para citar alguns exemplos. Todas, medições oficiais do INMET.
Sufocante
Esse calor extremo é resultado de bloqueio atmosférico (ou domo ou cúpula de calor) que impede a formação de nuvens de chuva e entrada de frentes frias. Obviamente, a geografia da localidade (latitude, altitude, relevo, vento, maritimidade, etc.), é um fator que influencia diretamente a temperatura, assim como a sensação térmica.
Uma questão que deixa a população confusa, no tocante as ondas de calor, diz respeito as temperaturas máximas (medidas oficialmente), que ultrapassaram nessas últimas semanas, em muitas cidades brasileiras, os 40ºC, e a sensação térmica de calor, que costuma ser muito superior as medições máximas de temperatura ambiente, ultrapassando os 40ºC, 50ºC, e mesmo 60ºC, ou superior, o que nos dá uma sensação de calor sufocante, como de estar dentro de uma estufa, uma vez que o calor fica aprisionado.
Daí a origem da designação ‘efeito estufa’. Já os 70ºC de sensação térmica que teria ocorrido em Porto Alegre em 11 de fevereiro, muito disseminado na internet, embora plausível, é muito improvável de acontecer, uma vez que precisa da combinação de alta temperatura, com alta porcentagem de umidade do ar, de forma concomitante.
Muito quente
No momento em que a temperatura chegou aos 39,5ºC, a umidade do ar era de 43%, então a sensação térmica em Porto Alegre, em 11 de fevereiro, fora de 47ºC, e não de 70ºC. A sensação térmica de 70ºC pode ser alcançada, se a temperatura ambiente estiver em 41ºC, com umidade do ar em 80%, simultaneamente.
Mas, com a forte elevação da temperatura, a umidade começa a declinar de forma acentuada, como aconteceu em muitas cidades brasileiras durante a onda de calor de 17 de fevereiro, até mesmo no litoral de São Paulo e Rio de Janeiro (numa situação atípica), onde altas temperaturas (no patamar de 40ºC), combinadas com umidade do ar muito baixa (muito comum no interior do país, especialmente no inverno), entre 30% e 20%, e até menos, ficando com característica de regiões desérticas, onde o clima é muito quente e muito seco.
E essas ondas de calor, que são eventos climáticos extremos, num futuro próximo, tornar-se-ão mais frequentes, de maior intensidade, e com mais dias de duração.
Lufe Bittencourt é geógrafo, formado pela Unisantos.