O Brasil participa ativamente no projeto, por meio do Laboratório Interinstitucional de e-Astronomia (LineA), que recentemente recebeu R$ 7 milhões da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) para completar a instalação do Centro Independente de Acesso a Dados (Idac).
Por Redação, com ACS – de Brasília
As primeiras imagens do Observatório Vera C. Rubin começam a chegar ao público no próximo dia 23, o que marca uma nova era na Astronomia. O observatório, no deserto chileno do Atacama, abriga a maior câmera digital já construída: um equipamento de 3,2 gigapixels, com dimensões semelhantes às de um carro e pesando três toneladas. Sua precisão e agilidade permitem que a câmera mude rapidamente de posição com movimentação micrométrica, capturando imagens em alta resolução de vastas áreas do céu.

O Brasil participa ativamente no projeto, por meio do Laboratório Interinstitucional de e-Astronomia (LineA), que recentemente recebeu R$ 7 milhões da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) para completar a instalação do Centro Independente de Acesso a Dados (Idac). A estrutura será responsável por processar e distribuir os dados coletados pelo telescópio. Segundo Luiz Nicolaci da Costa, diretor do LineA, os primeiros registros já impressionam pela qualidade.
– As imagens são fabulosas, livres de distorções e com um campo de visão colossal – afirma o astrônomo, que destaca ainda a empolgação geral entre os cientistas envolvidos no projeto.
O observatório será oficialmente inaugurado em transmissão global do ‘Rubin First Light’, encontro promovido pela Fundação Nacional de Ciência (NSF) e o Departamento de Energia dos Estados Unidos (DOE).
Em movimento
Com o projeto Levantamento de Espaço e Tempo de Legado (LSST), o telescópio Rubin deverá escanear sistematicamente o céu do hemisfério Sul, cobrindo cerca de metade de toda a abóbada celeste. O diferencial está na escala e velocidade: enquanto telescópios atuais levam anos para catalogar centenas de milhões de objetos, o Rubin poderá ultrapassar 29 bilhões de detecções em apenas um ano. Outro avanço inédito será a capacidade de monitoramento constante. A cada três noites, o telescópio revisitará as mesmas regiões celestes, criando o que os cientistas chamam de “filme do céu em movimento”.
O equipamento permitirá identificar fenômenos variáveis, objetos que surgem ou desaparecem e eventos celestes de curta duração, abrindo espaço até para descobertas inesperadas. Apesar do otimismo, o projeto enfrenta um desafio crescente: a interferência de megaconstelações de satélites, como a Starlink, da SpaceX. Esses objetos artificiais em órbita baixa refletem luz e podem contaminar até metade das imagens obtidas pelo observatório, conforme estimativas de estudos recentes.
Astrônomos do mundo todo têm pressionado empresas do setor para atenuar o brilho dos satélites e minimizar os danos às observações astronômicas. A dimensão real do impacto será percebida nos primeiros meses de operação do Rubin.