Não sejamos injustos. A discussão sobre se um presidente da República nomear um filho embaixador constitui nepotismo ou não toma um rumo indesejável, agravado pela ignorância ou a má-fé.
Por Luis Fernando Verissimo - do Rio de Janeiro
Muitos não sabem, ou fingem não saber, ou, ao contrário do filho do presidente, não conhecem outra língua além do português, que a palavra nepote é italiana, significa “sobrinho” e ganhou conotação política com o costume dos papas antigos de presentear parentes com poder, ou nacos de poder, uma prática que ganhou o nome de “nepotismo”.Críticos
Para responder aos seus críticos, o presidente poderia recorrer à ironia e também ridicularizá-los, lembrando que, como a ditadura, a prática de nomear parentes nunca existiu no Brasil; portanto, o que existe é o que poderia ser chamado de “nãopotismo”. Ou então, já que só pode ser coisa de comunista tentando ressuscitar a esquerda, de “neopetismo”. Ou o presidente pode contra-atacar e desafiar seus críticos a encontrar um exemplo, na sua administração, apenas um, em todos os ministérios, em todos os partidos da sua base, entre todos os chefes de gabinetes e auxiliares de escritório, e todos os parlamentares que o apoiam, entre ascensoristas, motoristas, faxineiras, telefonistas, cozinheiras, empregados, animais de estimação, membros da sua família – apenas um sobrinho do Papa. Luis Fernando Verissimo, é escritor e cartunista.As opiniões aqui expostas não representam necessariamente a opinião do Correio do Brasil