O fenômeno da erosão da Praia de Copacabana é causado por uma complexa combinação de causas naturais e humanas.
Por Redação, com Agenda do Poder – do Rio de Janeiro
Raros são aqueles que ao caminhar no calçadão percebem a mudança. Mas nos últimos 10 anos, um dos mais conhecidos cartões postais brasileiros, a Praia de Copacabana, perdeu aproximadamente 10% de sua faixa de areia. E os ambientalistas já estão soando o alarme vermelho (ou seria melhor verde), entre autoridades do estado e do município, demandando providências.

Em alguns casos, segundo análises de imagens de satélite feitas por técnicos da Coppe-UFRJ e da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, a largura da praia na altura da Avenida Princesa Isabel diminuiu de 164 metros para 109 metros _ uma redução de 55 metros _ ou de quatro metros para 25 metros na região da Rua Miguel Lemos, onde a faixa de areia já era mais estreita, mas que representa uma diminuição de quase 50%.
O fenômeno da erosão da Praia de Copacabana é causado por uma complexa combinação de causas naturais e humanas. Entre elas a elevação do nível do mar (4,5% nos últimos 10 anos), o aumento das ressacas e as obras urbanas que alteram a dinâmica costeira. “A perda da vegetação nativa, somada a construção de estruturas rígidas, como prédios, avenidas e calçadões, impedem a movimentação da areia, que deveria se redistribuir naturalmente ao longo da costa conforme a movime tação das marés”, diz o biólogo Pedro Lázaro.
O caso de Copacabana é visto como um exemplo emblemático dos desafios que cidades costeiras enfrentam diante das mudanças climáticas, mobilizando cientistas, autoridades e a população em busca de soluções urgentes e sustentáveis.
Faixa de areia
Apesar de ter ganho uma engorda de 55 metros de faixa de areia ao longo de seus 4 quilômetros no começo dos anos 1970. Copacabana enfrenta um processo contínuo, irregular e de grande impacto socioeconômico, que pode afetar o turismo, o comércio e a própria identidade cultural de muitos cariocas e simpatizantes. A boa notícia, é que tem solução.
Desde a década de 1970, Miami Beach, na Florida, promove processos de engorda de areia em alguns de seus trechos a cada vinco ou 10 anos. A faixa de areia foi ampliada em 60 metros sobre o tamanho original. Existem ainda soluções famosas como o sistema integrado de bombas de areia em Gold Coast no estado de Queensland, na Austrália; ou as barreiras submersas artificiais das Ilhas Maldivas.
Se nada for feito, as projeções indicam que a faixa de areia da Praia de Copacabana pode sofrer uma redução drástica nas próximas cinco décadas. Estudos sobre a evolução do litoral e os efeitos das mudanças climáticas apontam que, com avanço do nível do mar e o aumento da frequência de ressacas, partes significativas da areia podem ser completamente engolidas pelo mar até 2075.
Em cenários mais pessimistas, a praia pode perder até 50% de sua largura atual, especialmente nos trechos mais vulneráveis. Além disso, o calçadão e parte da infraestrutura urbana poderiam ser comprometidos, exigindo obras de contenção emergenciais, como muralhas ou barreiras, que alterariam radicalmente a paisagem.