Rio de Janeiro, 31 de Maio de 2025

Movimento denuncia repressão a protesto contra despejos em SP

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Segunda, 26 de Maio de 2025 às 12:53, por: CdB

Protestos de comunidades ameaçadas de despejo foram alvo de violência policial nem diferentes pontos da capital.

Por Redação, com Brasil de Fato – de São Paulo

Moradores de comunidades ameaçadas de despejo em diferentes pontos de São Paulo (SP) foram alvo de repressão policial com uso de bombas durante protestos por moradia realizados na manhã desta segunda-feira. De acordo com Vanessa Mendonça, liderança da Luta Popular, a ação da PM feriu crianças e idosos.

Movimento denuncia repressão a protesto contra despejos em SP | Ato de moradores da comunidade do Areião, na zona oeste de SP, contra tentativa de despejo
Ato de moradores da comunidade do Areião, na zona oeste de SP, contra tentativa de despejo

– Tínhamos feito um combinado com a Polícia Militar, com a tropa de choque, de que iríamos obstruir a via às 7h30. Exatamente às 7h30, eles começaram a soltar bombas, sem respeitar as crianças, sem respeitar ninguém, e as pessoas já estavam se retirando da via – relatou Mendonça em entrevista ao programa Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato, sobre o ato na Zona Leste.

Na Zona Oeste também houve uma resposta violenta da polícia, contou a ativista. “As famílias foram fazer um protesto pacífico e teve muita repressão da polícia no final, inclusive machucando e ferindo várias crianças e idosos”, lamentou. Famílias da comunidade Areião bloquearam a Marginal Pinheiros, na altura da Ponte do Jaguaré. A comunidade existe há 34 anos e recebeu notificação para desocupar a área, sob gestão da concessionária Enel, até o dia 31 de julho. “São 300 famílias, muitas com crianças e idosos, e não tem nenhum plano apresentado pela prefeitura para onde elas irão”, afirmou Vanessa.

Já na Zona Leste o protesto envolveu moradores da Terra Prometida e da comunidade Jorge Hereda bloqueando a Avenida Aricanduva. Segundo o movimento, atos como esses antecedem uma mobilização maior prevista para o dia 11 de junho.

As comunidades afirmam que não foram recebidas pela gestão de Ricardo Nunes (MDB), apesar de diversas tentativas de diálogo. “É só a remoção mesmo dessas famílias, que estão desesperadas. Estamos falando de um monte de trabalhador e trabalhadora que não tem para onde ir”, disse Vanessa.

O site Brasil de Fato questionou sobre a atuação da PM à Secretaria de Segurança Pública (SSP). O texto será atualizado quando houver retorno.

Fim da proteção judicial na pandemia intensificou despejos

Desde o fim da pandemia, o número de despejos tem aumentado em várias regiões da capital paulista. Durante a crise sanitária, uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu reintegrações de posse, garantindo a permanência temporária de famílias em ocupações urbanas e rurais.

Com o fim da medida, Vanessa Mendonça explica, os processos judiciais que estavam paralisados voltaram a tramitar e diversas comunidades passaram a ser notificadas para desocupação, sem que o poder público apresente alternativas habitacionais. “A realidade é que está tendo muito despejo e não tem nenhum programa habitacional para atender essa quantidade de famílias”, denunciou.

Um dos casos mais emblemáticos recentes é o da favela do Moinho, no centro de São Paulo. A comunidade foi alvo de violenta repressão policial ao protestar contra a demolição de casas na comunidade, em meio a um processo de desocupação questionado pelos moradores. A área, que pertence ao governo federal, foi cedida à gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) para a construção de um parque. O caso chegou a um desfecho positivo após sucessivas mobilizações populares e intervenção do governo Lula (PT), que firmou um acordo com o estado para que as moradias sejam inteiramente subsidiadas.

– Acabamos de ver o caso do Moinho recentemente – lembrou Vanessa, apontando a necessidade de soluções estruturais para a crise habitacional e o respeito aos direitos das famílias. “Temos muita casa sem gente e muita gente sem casa aqui em São Paulo”, apontou.

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