Rio de Janeiro, 26 de Junho de 2025

Ministro da Defesa tenta se afastar da briga entre presidente e TSE

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Segunda, 09 de Maio de 2022 às 14:49, por: CdB

“Há no Exército uma sensação de que os atritos na Praça dos Três Poderes causam degradação da imagem da Força Terrestre. E a atuação do ministro serviria para passar uma mensagem de normalidade institucional. Daí a necessidade de se dissociar dos movimentos do deputado bolsonarista”, observa Marcelo Godoy.

Por Redação - de Brasília e São Paulo
Ministro da Defesa, o general Paulo Sérgio de Oliveira quer distância da nova acusação de quebra de sigilo funcional relatada por parlamentares e pediu, nesta segunda-feira, a autorização ao ministro Edson Fachin, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), para divulgar o documento criado por seu subordinado, general Heber Garcia Portella, sobre as urnas eletrônicas. “Paulo Sérgio escreveu ainda que teve de lidar com o pedido de acesso aos dados feito pelo deputado bolsonarista Filipe Barros (PL-PR)”, relata o jornalista Marcelo Godoy em sua coluna, no diário conservador paulistano O Estado de S. Paulo (OESP).
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Ministro da Defesa, o general Nogueira toma medidas profiláticas para evitar desgaste junto ao TSE
“O titular da Defesa podia muito bem nem mesmo ter citado no documento que encaminhou ao TSE o interesse do deputado pelos papéis, mas só o fez para deixar claro que se dissociava de um futuro vazamento. Além disso, a pasta estuda propor ao TSE que seja feito um rodízio de oficiais generais das três Forças na Comissão de Transparência das Eleições, mantida pelo Tribunal”, acrescenta Godoy.

Mensagem

Atualmente, o representante da Defesa junto ao TSE é o general Heber. “A ideia é substituí-lo primeiro por um almirante e, depois, por um brigadeiro. Os 71 técnicos ligados às três Forças que participam dos trabalhos continuariam a assessorar a comissão. Enquanto o rodízio não se instala, o ministro encaminhou ofício ao TSE para que as comunicações entre a Corte e a Defesa sejam endereçadas a ele e não mais a Heber, seu subordinado, conforme nota divulgada no começo desta tarde”, escreveu. “Há no Exército uma sensação de que os atritos na Praça dos Três Poderes causam degradação da imagem da Força Terrestre. E a atuação do ministro serviria para passar uma mensagem de normalidade institucional. Daí a necessidade de se dissociar dos movimentos do deputado bolsonarista”, observou Godoy. Segundo Godoy, “no ano passado, o ex-ministro do STF e da Defesa Nelson Jobim definiu a alegação bolsonarista de fraude eleitoral como bobagem e ‘discurso de derrotado’. Bobagem não é. Não pelo menos no sentido que Jobim quis dar. Trata-se de coisa séria. Enquanto Jobim destilava seu desprezo pelos argumentos do governo, no Planalto armava-se lances que serão lembrados por décadas, como o desfile de tanques em Brasília, que, para muitos, serviu para intimidar o Congresso no dia da votação sobre o voto impresso. Antes houve o vazamento do inquérito sigiloso da PF sobre as urnas eletrônicas. A investigação não encontrou falhas no sistema, mas trechos dela foram usados pelo presidente em uma operação para pôr em dúvida o sistema”.

Sinecura

“A ação – segundo a PF – resultou em uma live do presidente com o deputado Filipe Barros. Ambos foram auxiliados pelo tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, o ajudante de Jair Bolsonaro que está envolvido em três de cada quatro inquéritos que o chefe responde. Cid é aquele que foi flagrado em 1.º de junho de 2020 em um diálogo com o blogueiro Allan Santos, foragido há quase um ano. Diante das primeiras manifestações de rua contra seu chefe, o coronel escreveu para o blogueiro: ‘Grupos guerrilheiros/terroristas. Estamos voltando para 68, mas agora com apoio da mídia”, lembra o colunista. O tenente-coronel Cid, lembra o jornalista especializado, tem a proteção de Bolsonaro em razão da proximidade do presidente com sua família: “Seu avô, o coronel Antonio Carlos Cid, é um artilheiro da turma de 1955 da Academia Militar que ajudara o cadete Bolsonaro quando o jovem se indispôs com um oficial médico na escola”, ressaltou. “O aluno só não foi desligado do curso em razão da intervenção do avô do ajudante de ordens. Bolsonaro era colega de um dos filhos de seu salvador – o futuro general Mauro Cesar Lorena Cid, pai do assessor do presidente. Ao passar para a reserva em 2019, o general Cid ganhou uma sinecura em Miami – é o representante da Agência de Promoção das Exportações (Apex), com vencimentos de R$ 78 mil (R$ 48 mil da Apex e R$ 32 mil como militar)”, concluiu.
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