A palestra intitulada ‘Risco Brasil e Segurança Jurídica’ estava prevista para o dia 3 de junho e ainda constava na agenda de Fux no último dia 20, quando foi avisado do risco que correria, caso insistisse em comparecer ao programa.
Por Redação - de Porto Alegre
O Supremo Tribunal Federal (STF) confirmou, nesta quinta-feira, que a palestra programada para o presidente da Corte, Luiz Fux, em Bento Gonçalves (RS), foi definitivamente cancelada. Empresários bolsonaristas associados ao Centro da Indústria, Comércio e Serviços (CIC) municipal, que congrega forças da extrema direita na cidade, responsável pela organização do evento sinalizaram que seria perigoso para o ministro comparecer ao município e não haveria como garantir a segurança do local, diante dos protestos previstos.
Presidente do STF, ministro Luiz Fux recuou da decisão de proferir uma palestra, depois de ser ameaçado publicamente
A palestra intitulada ‘Risco Brasil e Segurança Jurídica’ estava prevista para o dia 3 de junho e ainda constava na agenda de Fux no último dia 20, quando foi avisado do risco que correria, caso insistisse em comparecer ao programa. O gabinete do ministro recebeu as notícias de que integrantes da ultradireita, que apoiam os ataques do presidente Jair Bolsonaro (PL) contra o Supremo, ameaçavam levar os atos de violência contra o ministro na cidade.
Em uma rede social, o empresário Roni Kussler, da marca de produtos de limpeza Saif, afirmou ter solicitado junto à presidência da CIC o cancelamento da palestra de Fux, mas apagou a publicação logo depois. Por meio de carta enviada aos associados, a financeira Sicredi solicitou que a marca fosse retirada da divulgação da palestra, “considerando os impactos da nossa marca” e que os representantes da empresa ficariam “mais atentos para movimentos similares no futuro”, disse a empresa.
Vandalismo
A seção local da Ordem dos Advogados do Brasil, por sua vez, tentou alterar o local do encontro, mas o gabinete de Fux optou por cancelar palestra nesta manhã. A decisão de Fux foi entendida como um recuo, comemorado pelo deputado federal bolsonaristaBibo Nunes (PL).
“Isso comprova que nenhum ministro do STF pode andar na rua no Brasil. Nem em local fechado”, escreveu em uma rede social. O parlamentar entende que as ameaças à integridade física do ministro, e a violência contida nos avisos emitidos à Corte Suprema de Justiça do país fazem parte da democracia. Ainda assim, nega ter integrado o movimento.
“Em momento algum, incentivei qualquer tipo de vandalismo e de violência contra o ministro Fux. Trata-se de protesto pacífico, que é da democracia”, conclui.