Além de Lula, outros ministros usaram o boné com o slogan usado pela gestão desde que intensificou o discurso sobre a soberania nacional.
Por Redação – de Brasília
Com a frase “O Brasil é dos brasileiros” bordada no boné que usou nesta terça-feira, na reunião com seus ministros, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mandou mais um recado contra o tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. E não poupou críticas ao deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e à falta de regulamentação das chamadas big techs.
Além de Lula, outros ministros usaram o boné com o slogan usado pela gestão desde que intensificou o discurso sobre a soberania nacional.
— Ele (Trump) publicou de novo (na véspera) às 21h uma nota ameaçando outra vez que quem mexer com as big techs deles vai sofrer as consequências. Disse que as big techs são patrimônios (norte-)americanos e não quer que ninguém mexa. Isso pode ser verdade para ele, não para nós. Somos um país soberano, temos uma legislação e quem quiser entrar nesse 8,5 milhões de km², no nosso espaço aéreo, marítimo, nas nossas florestas, tem que prestar conta à nossa Constituição — advertiu Lula.
‘Tarifaço’
O reforço ao respeito à soberania brasileiro foi o ponto alto da reunião em que Lula voltou a destacar o papel de seus ministros Fernando Haddad (Fazenda), Mauro Vieira (Relações Exteriores) e do vice-presidente Geraldo Alckmin (Indústria, Comércio e Serviços) na negociação do ‘tarifaço’ imposto ao país.
— Quero comunicar à imprensa que este homem aqui está 24h por dia à disposição com quem quer que seja, o assunto que for, sobretudo na questão comercial. O que não estamos dispostos é ser tratados como se fossemos subalternos. Isso não aceitamos de ninguém — acrescentou.
Lula também criticou o filho ’03’ de Bolsonaro, a quem chamou de “traidor da Pátria”, pelas articulações contra a economia brasileira, direcionando o pedido à ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, responsável pelo diálogo com o Congresso, para que levasse ao presidente da Câmara, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), o pedido para a cassação de seu mandato.
Sanção
A crise diplomática entre os EUA e o Brasil tem escalado desde o anúncio da sobretaxa de 50%, há três semanas. O governo norte-americano também anunciou retaliações como a suspensão de vistos em passaportes de ministros brasileiros, o que também foi citado por Lula na abertura da reunião —mencionando especificamente a sanção contra Ricardo Lewandowski (Justiça), anunciada por bolsonaristas.
— Queria dizer ao companheiro Lewandowski a minha solidariedade e do governo a você por conta do gesto irresponsável dos Estados Unidos de cassarem seu visto. Na verdade eu acho que eles estão deixando de receber uma personalidade da sua competência e qualidade, eu acho que é vergonhoso para eles e não para você — desabafou.
A informação de que os vistos do ministro e do ex-presidente do Senado brasileiro Rodrigo Pacheco (PSD-MG) seriam suspensos foi dada pelo empresário bolsonarista Paulo Figueiredo, nos Estados Unidos, mas o Ministério da Justiça e o governo norte-americano não se confirmaram, até agora.