Na visita ao município de Mariana, em Minas Gerais, nesta quinta-feira, Lula saiu em defesa da política fiscal do governo e denunciou o desequilíbrio tributário no país.
Por Redação – de Mariana – MG
Apesar da pressão da ultradireita, no Congresso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ampliou, nesta sexta-feira, os esforços para agilizar a liberação de emendas parlamentares como antídoto à reação negativa sobre a Medida Provisória (MP) da equipe econômica, editada para equilibrar as contas públicas.

Na visita ao município de Mariana, em Minas Gerais, nesta quinta-feira, Lula saiu em defesa da política fiscal do governo e denunciou o desequilíbrio tributário no país. O discurso foi marcado por críticas à elite econômica, à desinformação e ao legado dos governos anteriores.
— Estamos tentando corrigir esse país — afirmou Lula, ao destacar a MP que altera regras de isenções e busca ampliar a arrecadação com foco na camada mais rica da população.
O expediente legal altera o regime de tributação de diversos instrumentos financeiros e segmentos do setor privado. O governo projeta uma arrecadação de R$ 10 bilhões em 2025 e R$ 20 bilhões em 2026 com a iniciativa.
Setores
Ao tratar da proposta de reforma no Imposto de Renda (IR), o presidente pontuou os passos da equipe econômica.
— Mandamos para o Congresso um Projeto de Lei (PL) do Imposto de Renda para dizer que quem ganha até R$ 5 mil não pagará mais Imposto de Renda nesse país. Para isso, estamos dizendo: para poder quem ganha até R$ 5 mil não pagar, quem ganha acima de R$ 1 milhão por ano tem que pagar alguma coisa, porque não paga — afirmou o presidente.
Lula apontou, ainda, a contradição nos argumentos dos setores empresariais que, segundo ele, reclamam do “gasto com os pobres” enquanto recebem isenções bilionárias.
— Vocês sabem quanto nós gastamos com os ricos? Quantos bilhões a gente dá de isenção para os ricos desse país, que não pagam imposto? R$ 860 bilhões. É quatro vezes o Bolsa Família. O que a gente dá para eles é investimento. O que a gente dá para vocês é gasto — observou, indignado, o presidente da República.
Muito ódio
O chefe do Executivo também abordou o cenário político e de comunicação, no país, ao criticar a proliferação de notícias falsas (fake news); além do comportamento de parte do Congresso.
— Há uma certa raiva no ar. Há um certo desconforto entre a humanidade. Há muita intriga, muito ódio, muito xingamento. Mesmo na Câmara é um clima muito ruim. Tem deputado que não quer falar. Ele só quer pegar o celular, olhar na cara dele, falar uma bobagem e passar para frente. As pessoas estão aprendendo a viver de mentira. Todo mundo aqui sabe: a verdade engatinha, a mentira voa — protestou.
Ao comparar seu terceiro mandato com o governo de Jair Bolsonaro (PL), Lula destacou os retrocessos nos investimentos sociais e a retomada de programas como o ‘Minha Casa, Minha Vida (MCMV).
— Encontramos este país com 87 mil casas do tempo da Dilma paralisadas. Duvido que vocês saibam, mesmo aqueles mais bolsonaristas, que me digam uma obra que Bolsonaro fez em Minas Gerais — destacou, ao acrescentar que sua gestão entregará 3 milhões de moradias até o fim do mandato.
Títulos
Ainda em defesa das medidas adotadas pelo governo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, acrescentou nesta manhã que a MP editada pelo governo corrige distorções ao taxar os rendimentos de títulos isentos. Falando a repórteres em Brasília, Haddad afirmou ainda que a medida não afeta a população ao mirar bancos e apostas esportivas, que também terão taxação maior, segundo o texto da MP, publicado em edição extra do Diário Oficial da União na quarta-feira.
— É bet e banco que estamos falando. E aí parece que estamos afetando o dia a dia da população? Ao contrário. Nós temos que corrigir as distorções nas contas públicas — disse Haddad.
O objetivo do governo é arrecadar em 2026 o equivalente a 5% do montante de R$ 800 bilhões em renúncias fiscais existentes atualmente, de acordo com o ministro, o que corresponde a R$ 40 bilhões.