O líder popular Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que pretende ser candidato não para ser protagonista, mas para “ganhar as eleições”. Isso porque, segundo o petista, o Brasil está infinitamente pior do que em 2003, quando assumiu a presidência pela primeira vez.
Por Redação, com RBA - de São Paulo
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta quarta-feira, que não vê “nenhum problema” numa eventual aliança com a direita representada pelo ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (sem partido). Mas acrescenta que ainda não há nada definido.
Lula e Alckmin, apesar de estarem em lados opostos, negociam politicamente há décadas
— Todo mundo fala desse assunto todo santo dia, menos o Alckmin e eu. Por uma razão muito simples. Ele saiu do PSDB e não definiu o seu partido. E eu não defini a minha candidatura — desconversou Lula durante entrevista à mídia alternativa, nesta quarta-feira.
O líder popular afirmou que pretende ser candidato não para ser protagonista, mas para “ganhar as eleições”. Isso porque, segundo o petista, o Brasil está infinitamente pior do que em 2003, quando assumiu a presidência pela primeira vez.
— Ganhar as eleições é mais fácil do que governar. Por isso temos que fazer alianças e construir parcerias — explica.
Lula acrescentou ainda que, na hipótese de ser candidato, o PT vai apresentar um programa e que as alianças serão submetidas a essas diretrizes.
— Todo mundo sabe o que eu quero para esse país. A prioridade é o povo brasileiro, os trabalhadores, a classe média baixa, os desempregados. Essa gente tem que ser nossa prioridade. E espero que o Alckmin esteja junto — pontuou.
O ex-presidente também acredita que Alckmin estaria decidido a fazer oposição não apenas a Bolsonaro, mais também ao “dorismo” em São Paulo, em referência ao atual governador, João Doria (PSDB).
Estresse
Em um cenário de “estresse”, no qual Alckmin poderia assumir o governo por longos períodos, Lula disse que o risco seria o “Plano Lula” virar uma espécie de “Plano FHC”, com Alckmin à frente. E brincou, ao afirmar que espera viver “120 anos”. Também disse que não trabalha com a hipótese de risco de assassinato.
Na sequência, relembrou sua aproximação com o ex-vice-presidente José Alencar.
— Duvido que alguém teve a sorte de ter um vice como ele — elogiou.
E provocou Alckmin:
— Espero que ele esteja ouvindo. Porque ele vai ter que provar que é igual ou melhor que o (ex-vice-presidente) Zé Alencar.
Governo Biden
O ex-presidente também afirmou que não há qualquer possibilidade de um golpe patrocinado pelo governo norte-americano. Ele acredita que a Casa Branca não “perde o sono” com a possibilidade da sua vitória nas próximas eleições. Quem “não dorme”, segundo ele, é o Pentágono e a CIA. Para o ex-presidente, as investidas golpistas têm fatores preponderantemente internos.
— Muitas coisas que acontecem no Brasil dependem menos dos Estados Unidos, e mais do complexo de vira-lata da elite brasileira. É ela que permite, e muitas vezes chama, esses golpes para dentro do Brasil — sublinhou.
Lula frisou, ainda, que manteve uma relação “muito séria” com o ex-presidente George W. Bush, “que tratou o Brasil muito dignamente”. Já o ex-presidente Barack Obama “não foi tão cortês” com o país.
Respeito é bom
Em momento algum, o governo Obama pediu desculpas à presidenta deposta Dilma Rousseff (PT) após revelação do escândalo de espionagem internacional por parte do governo estadunidense. Entre os alvos da ações de espionagem, a Petrobras e o próprio gabinete da ex-presidenta.
— O que os Estados Unidos precisam aprender é que o Brasil não é serviçal deles. É um país soberano, que define a sua própria política externa. Não somos quintal de ninguém. Isso vale para os Estados Unidos, China, Rússia, Índia — ressaltou.
Lula também acredita que “respeito é bom”.
— E a gente gosta de dar e de receber — resumiu.