Modi falou ainda sobre o interesse em trabalhar com o Brasil em busca de uma solução pacífica para o conflito. Após o diálogo, Lula reforçou a mensagem em uma rede social: “Estamos do lado da paz”. O comércio entre os dois países também foi assunto da reunião.
Por Redação, com agências internacionais - de Hiroshima, Japão
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva driblou os países interessados no encontro entre ele e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, neste domingo, no encerramento da cúpula dos sete países mais ricos do mundo (G7), e deixou um recado aos EUA – principal articulador da reunião desencontrada – na agenda bilateral com o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi. Tanto o Brasil quanto a Índia não são “países neutros” na guerra entre Rússia e Ucrânia, mas sim interessados na manutenção da paz no mundo, frisou o líder indiano.

Modi falou ainda sobre o interesse em trabalhar com o Brasil em busca de uma solução pacífica para o conflito. Após o diálogo, Lula reforçou a mensagem em uma rede social: “Estamos do lado da paz”. O comércio entre os dois países também foi assunto da reunião. “Países da maior relevância para o desenho de uma nova geopolítica global”, acrescentou Lula, no Twitter.
As relações diplomáticas Brasil-Índia começaram em 1948. A Índia é o quinto maior parceiro comercial do Brasil. Em 2021, o comércio entre os dois países chegou ao maior resultado da história: US$ 15,1 bilhões. Nesse mesmo ano, o Brasil exportou mais de US$ 6 bilhões para a Índia e importou US$ 8,8 bilhões em produtos indianos.
Agendas
Lula participou como convidado da reunião do G7, grupo que reúne Estados Unidos, Alemanha, Japão, França, Itália, Reino Unido e Canadá. A pressão velada para que Lula e Zelensky aparecessem juntos, na foto, foi dissipada pelo Itamaraty e eles não se reuniram, às margens da reunião do G7, realizada em Hiroshima, no Japão. Segundo os governos, houve incompatibilidade de agendas.
O líder ucraniano foi questionado por jornalistas se ficara decepcionado por não se reunir com o líder brasileiro e foi irônico na resposta.
— Quem ficou decepcionado foi ele. Sobre as situações das minhas reuniões, encontrei quase todos os líderes e todos tinham suas agendas. Mas, acho que foi por isso que não pude encontrar com o presidente brasileiro — desconversou.
Armas nucleares
Sem levar em conta o comportamento irônico do ucraniano, Lula voltou a pedir por uma reforma no Conselho de Segurança das Nações Unidas, dizendo que os mecanismos atuais "multilaterais para a prevenção e resolução de conflitos não funcionam mais".
— O Conselho encontra-se mais paralisado do que nunca. Membros permanentes continuam a longa tradição de travar guerras não autorizadas pelo órgão, seja em busca de expansão territorial, seja em busca de mudança de regime — disse em uma clara referência aos governos da Rússia e dos Estados Unidos.
Lula condenou, ainda, a questão das armas nucleares, dizendo que elas "não são fonte de segurança, mas instrumento de extermínio em massa que nega nossa humanidade e ameaça a continuidade da vida na Terra".
— Enquanto existirem armas nucleares, sempre haverá a possibilidade de seu uso — concluiu.