O presidente determinou, ainda, que representantes dos setores produtivos mais afetados participem diretamente das negociações, entre eles as indústrias sucroalcooleira e de proteína animal.
Por Redação – de Brasília
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) definiu junto com ministros e assessores, na noite passada, uma estratégia para tentar conter a imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros pelos Estados Unidos. Segundo relatos do encontro apurados pelo canal norte-americano de TV CNN e publicados na manhã desta segunda-feira, Lula orientou sua equipe a aprofundar o diálogo com as autoridades norte-americanas, antes de adotar qualquer medida retaliatória.

O presidente determinou, ainda, que representantes dos setores produtivos mais afetados participem diretamente das negociações, entre eles as indústrias sucroalcooleira e de proteína animal. Estão ainda previstas conversas com empresários dos segmentos de café, celulose e petróleo, ao longo desta semana. O presidente também observou que não há espaço para concessões políticas no contexto das negociações comerciais, rejeitando qualquer associação com temas como a anistia ao ex-mandatário neofascista Jair Bolsonaro (PL).
Se não houver, por parte dos Estados Unidos, a mínima disposição para rever as penalidades determinadas, aí sim, será o caso de estudar medidas de reciprocidade, segundo ministros do governo. Uma das alternativas discutidas entre participantes do comitê de crise é a criação de cotas comerciais para exportações de produtos como café e laranja, como forma de mitigar os impactos da tarifa.
Percentual
Apesar do tempo exíguo até 1º de agosto quando as medidas, em tese, entrarão em vigor integrantes das equipes de negociação com os EUA acreditam que há uma janela de oportunidade para a abertura de um diálogo entre os dois países. Interlocutores que mantêm contato com autoridades norte-americanas consideram possível uma redução da tarifa para 30%, percentual semelhante ao aplicado recentemente à União Europeia e ao México, que, diferentemente do Brasil, mantêm superávit na balança comercial com os EUA.
Apesar da gravidade da medida adotada pelo governo do presidente Trump, o Planalto avalia que a crise comercial, caso se intensifique, será prejudicial, mas longe de ser devastadora.
— É ruim, mas não é mortal — resumiu um dos interlocutores.