"Com o ex-presidente francês Nicolas Sarkozy hoje, em Paris. Refletimos juntos sobre o avanço da extrema direita no Brasil e no mundo. Ele relatou observar com preocupação a escalada autoritária do governo Bolsonaro. E disse que o Moro escancarou sua parcialidade ao aceitar fazer parte desse governo", escreveu o ex-presidente no Facebook.
Por Redação, com agências internacionais - de Paris
No encontro entre os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, do Brasil, e Nicolas Sarkozy, França, nesta quarta-feira, a pauta, entre outros pontos, fez constar a preocupação dos franceses com a "escalada autoritária" do governo neofascista de Jair Bolsonaro (sem partido).
Lula recebe o abraço entusiasmado do ex-presidente francês Nicolas Sarkozy
"Com o ex-presidente francês Nicolas Sarkozy hoje, em Paris. Refletimos juntos sobre o avanço da extrema direita no Brasil e no mundo. Ele relatou observar com preocupação a escalada autoritária do governo Bolsonaro. E disse que o Moro escancarou sua parcialidade ao aceitar fazer parte desse governo", escreveu o ex-presidente no Facebook.
Aos jornalistas, em determinada oportunidade, Lula também abordou a política externa, na América Latina, ao elogiar o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, e atacar o mandatário autodeclarado, Juan Guaidó, líder da oposição. Lula disse que "a Europa e os Estados Unidos não poderiam ter reconhecido um farsante que se autoproclamou presidente (Guaidó)”.
— Não é correto, porque se a moda pega a democracia é jogada no lixo e qualquer picareta pode se autoproclamar presidente, sabe. Eu poderia agora me autoproclamar presidente do Brasil, sabe, mas e a democracia, onde vai? — questionou.
Diálogo
O ex-presidente, que realiza uma viagem pela Europa, foi homenageado em Paris com o título de cidadão parisiense pela prefeita socialista Anne Hidalgo, na segunda-feira. Ele deve passar também por Suíça e Alemanha.
— Quem está tomando a iniciativa de conversar é o Maduro, não é o Guaidó. O Guaidó gostaria, na verdade, até tentou forçar, que os (norte-)americanos invadissem a Venezuela. Ele deveria ter sido preso, e o Maduro foi tão democrático e não prendeu quando ele foi para a Colômbia tentar instigar a invasão da Venezuela — acrescentou o ex-presidente.
Para o ex-presidente, a melhor saída para a crise na Venezuela será a abertura de um canal de dialogar com Maduro.
— Se a Michele Bachelet fez uma reunião com o Maduro e descobriu que tem (repressão à oposição), ela tem o direito e a obrigação de criar uma comissão na ONU. Ela pode convocar chefes de Estado, pedir uma reunião com o Maduro, convidar o Maduro na ONU e discutir. Na minha experiência de política, desde movimento sindical, não tem jeito de você estabelecer um acordo se ele não for em torno de uma mesa com as pessoas que pensam a favor e ao contrário — pontuou.
Haddad
Lula também saiu em defesa de Evo Morales, ex-presidente da Bolívia que renunciou sob pressão dos militares em outubro, após tentar um quarto mandato em uma eleição cuja apuração teve denúncia de fraude.
No encontro, o ex-prefeito de São Paulo e candidato petista, derrotado nas urnas em 2018, Fernando Haddad, abordou o mesmo tema. Segundo afirmou, a jornalistas, durante o encontro entre Lula e Sarkozy, “o Brasil só vai encontrar paz quando encontrar justiça”.
— E a justiça só será feita quando Lula subir a rampa do Palácio do Planalto — emendou.
Haddad participou também do Festival Lula Livre, no Teatro Du Soleil, na capital francesa, ao lado de Lula e da presidenta deposta Dilma Rousseff (PT).
Sabotagem
O Festival Lula Livre em Paris contou com apresentações musicais e artísticas contra a violência da Polícia Militar, por mais escolas e menos prisões, contra a morte de jovens periféricos e mulheres. O evento compõe a agenda europeia do ex-presidente nesta semana – além de Paris, irá a Genebra e Berlim.
Haddad falou também sobre o momento que o Brasil vive.
— O arbítrio chegou ao poder pelo voto e temos de entender como isso aconteceu. Para que o atual presidente (Bolsonaro) chegasse ao poder houve um grande desgaste das instituições democráticas — disse, lembrando a sabotagem contra o governo Dilma Rousseff pela oposição derrotada, o processo de impeachment.