A mudança no primeiro escalão é o início da reforma ministerial pretendida por Lula, mas ainda continua travada por negociações com partidos do chamado ‘Centrão’, que querem ministérios com visibilidade e orçamento, em troca de apoio para a manutenção da governabilidade.
Por Redação – de Brasília
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assinou, nesta segunda-feira, o termo de posse dos dois novos ministros em seu governo, ambos de seu partido. Alexandre Padilha retornou ao Ministério da Saúde, enquanto Gleisi Hoffmann assume a Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República. A cerimônia foi realizada no Palácio do Planalto, com a presença de representantes do Executivo e Legislativo.

A mudança no primeiro escalão é o início da reforma ministerial pretendida por Lula, mas ainda continua travada por negociações com partidos do chamado ‘Centrão’, que querem ministérios com visibilidade e orçamento, em troca de apoio para a manutenção da governabilidade.
A presença de Gleisi Hoffmann, no entanto, reforça a participação petista no governo. A deputada deixou a presidência do PT, assumida interinamente pelo senador Humberto Costa (PT-PE) até julho deste ano. Costa terá a missão de coordenar o processo de eleições internas do partido para a definição de seu próximo presidente. Nesse pleito, o favorito é Edinho Silva, ex-prefeito de Araraquara (SP), que conta com o apoio de Lula.
Programa
Hoffmann, contudo, enfrenta um desafio relevante, que é ajustar a relação do Palácio do Planalto com o Congresso. A conversa com os parlamentares tem sido difícil, principalmente após pesquisas recentes indicarem um aumento na desaprovação do governo Lula.
Padilha, por sua vez, retorna ao Ministério da Saúde, cargo que ocupou entre 2011 e 2014, durante o governo da ex-presidenta Dilma Rousseff. Médico e deputado petista por São Paulo, o parlamentar esteve à frente da pasta na estruturação do programa Mais Médicos e, recentemente, atuava como ministro das Relações Institucionais.
Exportações
Na véspera, em um sinal do tom combativo que pretende adotar, Hoffmann criticou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nas redes sociais, acusando-o de “bajular” Donald Trump e apoiar taxações impostas pelos Estados Unidos que podem prejudicar exportações brasileiras.
“Bolsonaro não deve ser tão burro assim, mas pensa que a gente é. E não perde a mania de mentir e bajular seu ídolo estadunidense. Nosso país é o Brasil e é aqui que ele vai responder por seus crimes”, escreveu a nova ministra em seu perfil na rede X, antigo Twitter.
“Vamos desenhar pra ver se Bolsonaro entende: quem paga a conta do aumento de taxas dos produtos importados que Trump está anunciando é o consumidor dos Estados Unidos, porque tudo fica mais caro lá. Essa guerra tarifária prejudica primeiro quem compra, porque vai ter de pagar…”, acrescentou.
Oposição
Substituta de Padilha na articulação política do governo, Hoffmann assumirá embates diretos com a oposição e ocupará um espaço que ficou vago desde a indicação de Flávio Dino ao Supremo Tribunal Federal (STF) em 2023.
Dino, enquanto ministro da Justiça, protagonizou duros confrontos com o bolsonarismo. No entanto, o discurso incisivo de Gleisi gera preocupação em setores do governo, especialmente em relação a possíveis atritos com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Nos últimos dois anos, enquanto presidia o PT, Gleisi criticou algumas medidas econômicas defendidas por Haddad, o que pode reacender tensões internas.