Rio de Janeiro, 18 de Junho de 2025

Lula e Alckmin se aproximam, mas aliança ainda não foi consolidada

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Segunda, 20 de Dezembro de 2021 às 12:27, por: CdB

Esta foi a primeira vez desde o fim de seu segundo mandato, em 2010, que Lula e Alckmin se encontraram em um evento público. Eles ocuparam a mesma mesa, em um espaço reservado do restaurante Figueira Rubayat, região central da capital paulista, que recebeu cerca de 500 convidados para o evento em homenagem ao petista.

Por Redação - de São Paulo
Em jantar organizado pelo Grupo Prerrogativas na noite passada, em São Paulo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que ainda não decidiu se será candidato a presidente no próximo ano e que uma eventual chapa de centro-esquerda com Geraldo Alckmin, ex-governador de São Paulo, será definida futuramente pelos respectivos partidos – o PT e aquele ao qual o ex-tucano se filiar, já que, após 33 anos, na semana passada ele deixou o PSDB.
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Acompanhados de suas mulheres, Alckmin e Lula encontram-se, pela primeira vez desde as eleições de 2016, em ocasião festiva
— Quem vai decidir se vou ser candidato será o PT. E o Alckmin acabou de sair do PSDB e ainda não entrou em outro partido. Quem vai decidir as candidaturas serão os partidos — disse o ex-presidente, sem confirmar a aliança com setores da centro-direita. Esta foi a primeira vez desde o fim de seu segundo mandato, em 2010, que Lula e Alckmin se encontraram em um evento público. Eles ocuparam a mesma mesa, em um espaço reservado do restaurante Figueira Rubayat, região central da capital paulista, que recebeu cerca de 500 convidados para o evento em homenagem ao petista.

Desemprego

Em seu discurso, Lula afirmou que o presidente que assumir o cargo em 2023 encontrará um país muito pior do que aquele que ele recebeu em 2003. — A responsabilidade neste momento é muito grande com o povo brasileiro — destacou. Lula deixou o local sem falar com a imprensa, após mais um discurso em que falou claramente como candidato. — Não posso voltar (à Presidência) e fazer menos do que eu fiz — acrescentou. Lula citou, ainda, que a fome, o desemprego, a inflação e a tristeza hoje estão muito piores do que quando foi eleito pela primeira vez. — Quero que o brasileiro volte a ter orgulho e essa briga não é minha, essa briga é nossa — sublinhou.

Convidados

O coordenador grupo Prerrogativas, Marco Aurélio de Carvalho, informou que os convites vendidos para o jantar arrecadaram “mais de R$ 300 mil” que serão convertidos em alimentos a serem distribuídos pelo Movimento Brasil sem Fome. Entre os convidados, estavam empresários, jornalistas, advogados, juristas e políticos de diferentes campos ideológicos como PT, PSB, PCdoB, PSD, PSDB, Solidariedade e outros. Entre os líderes presentes, destaques para Gilberto Kassab (PSD), Randolfe Rodrigues (Rede), João Campos (PSB), Marcelo Freixo (PSB), Fernando Haddad (PT), Gleisi Hoffmann (PT), Paulo Pereira da Silva (Solidariedade), Marília Arraes (PSB), Luciana Santos (PSOL), Jandira Feghali (PCdoB), Arthur Virgílio (PSDB), Márcio França (PSB), Omar Aziz (Solidariedade), Jacques Wagner (PT), Alessandro Molon (PSB), João Paulo Cunha (PT), Rui Costa (PT), Paulo Câmara (PT), João Campos (PSB) e Marta Suplicy (PSB), entre outros. Também marcam presença líderes de movimentos sociais, como Vilma Reis e Douglas Belchior, da Coalizão Negra por Direitos, e de figuras do campo jurídico, como os advogados Cristiano e Waleska Zanin, Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, Almino Affonso e Augusto de Arruda Botelho.

Democracia

Ao chegar ao restaurante, o presidente do Solidariedade, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força, disse aos jornalistas que a crise produzida no país sob o governo de Jair Bolsonaro (PL) acabou sendo um fator de união entre campos políticos adversários. — O desastre que o Bolsonaro levou o país acabou levando esse punhado de gente que está hoje aqui a tentar se juntar, se organizar para tirar o Bolsonaro no próximo ano — afirmou Paulinho. Ele disse que tem conversado bastante com o ex-presidente Lula para que se forme “uma aliança a mais ampla possível”, não apenas para unir a esquerda, mas também o centro e a direita “para que Lula possa se eleger no primeiro turno”. Já o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP) disse que é preciso “pensar uma frente democrática, mas é preciso amadurecer”. Com relação ao fato de Lula não ter sido categórico numa aliança com Alckmin, Teixeira disse que “Lula não quer dar as coisas como dadas, foi esse o cuidado que ele teve” ao afirmar que os partidos é que vão decidir as candidaturas.

Processo

Segundo o ex-governador Geraldo Alckmin (sem partido), é hora de “união” e “grandeza política” após a primeira aparição pública ao lado do ex-presidente Lula. — O processo ainda está começando. É hora de grandeza política. É hora de união — reforçou Alckmin. Articuladores da aliança entre Lula e Alckmin estão convencidos de que o ex-presidente chegará ao segundo turno com ampla margem de votos. Mas o ex-governador paulista pode ajudar a liquidar a fatura no primeiro turno, além de auxiliar na construção de uma base de apoio parlamentar, de setores mais conservadores e de parcelas ponderáveis do empresariado e de segmentos religiosos. A margem de Lula é tão grande que bastaria a Alckmin transferir o apoio de uma pequena parte de seus eleitores em São Paulo.

Vaiado

Já o ex-juiz suspeito e provável candidato, em 2022, perdeu uma excelente oportunidade para ficar calado. Pelas redes sociais, Moro perguntou: “Impressão minha ou ontem assistimos a um jantar comemorativo da impunidade da grande corrupção?”. Em seguida, foi vaiado nas mesmas redes sociais por tentar associar, miseravelmente, o jantar do grupo Prerrogativas com a corrupção. "Nesse grupo, por sinal, estão os advogados que expuseram sua parcialidade e suspeição. Você foi desmascarado, Sergio, aceita, a justiça venceu", rebateu o advogado Augusto de Arruda Botelho. "Você estar solto é que configura impunidade", resumiu o ex-presidente da OAB-RJ Wadih Damous.
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