A viagem faz parte de uma “rede de apoio internacional” articulada por aliados de líderes progressistas latino-americanos que veem na condenação de Kirchner um caso de perseguição política.
Por Redação – de Brasília
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) visitará a ex-presidente argentina Cristina Kirchner em julho. O líder brasileiro irá a Buenos Aires, para manifestar pessoalmente seu apoio diante da condenação judicial que a levou à prisão domiciliar. A informação foi confirmada nesta quarta-feira pelo deputado e ex-ministro Paulo Pimenta (PT-RS)), em entrevista à rádio argentina AM 750.

— O presidente Lula vai viajar à Argentina na primeira semana de julho, para fazer uma visita à sua amiga Cristina e transmitir pessoalmente a ela seu carinho e solidariedade — adiantou Pimenta.
Segundo o parlamentar, a viagem faz parte de uma “rede de apoio internacional” articulada por aliados de líderes progressistas latino-americanos que veem na condenação de Kirchner um caso de perseguição política.
Manifestação
Cristina Kirchner foi sentenciada pela Corte Suprema da Argentina a seis anos de prisão e teve seus direitos políticos cassados de forma perpétua.
Pimenta, que desembarcou na capital argentina representando o PT e o próprio presidente brasileiro, participou de uma manifestação na Plaza de Mayo exigindo o fim da proscrição política de Cristina. Segundo afirmou, o apoio a Kirchner reflete a solidariedade entre projetos políticos historicamente aliados.
— Lula foi preso, muitos companheiros e companheiras que conheço se manifestaram em apoio a Lula livre. Temos uma relação histórica. Um compromisso de luta. E entendemos que há um processo de perseguição a Cristina — acrescentou.
Resistência
Ao comparar os processos de Lula e Kirchner, o deputado destacou que a resistência popular e a articulação internacional foram fundamentais para a reversão da prisão do petista e sua posterior vitória nas eleições presidenciais de 2022.
— A coragem de Lula, a coragem de Cristina. Segundo, à mobilização social. E em terceiro lugar, à rede de apoio dos setores internacionais. Essa mobilização e esses aspectos é o caminho que devemos escolher — posicionou-se.
A visita de Lula deverá reforçar a narrativa de que a sentença contra Cristina Kirchner tem viés político, num contexto em que setores progressistas denunciam o uso do Judiciário para retirar adversários da disputa eleitoral — prática conhecida como lawfare.
Assassinato
Em setembro de 2022, a ex-presidenta chegou a ser vítima de uma tentativa de assassinato frustrada, por conta de uma falha na arma do criminoso, um militante de extrema-direita, apoiador de Javier Milei e nascido no Brasil.
Na semana passada, poucos dias após Cristina anunciar sua candidatura a deputada na província de Buenos Aires, em eleição legislativa que ocorrerá em setembro, a Suprema Corte rejeitou o último recurso pendente antes da confirmação da sentença a seis anos de prisão.
Além da pena de prisão, que deverá ser cumprida no seu domicílio, por conta da sua idade, foi confirmada também a inelegibilidade eterna da líder peronista, o que os argentinos já experimentaram na história recente, com Juan Domingo Perón ficando proscrito da vida política por 18 anos (1955-1973).