Agentes respondem por falsidade ideológica e envolvimento em organização criminosa; processo segue com oitiva de testemunhas de defesa.
Por Redação, com Agenda do Poder – do Rio de Janeiro
O julgamento dos policiais militares envolvidos no assassinato de Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, que havia delatado integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC), avançou nesta semana com uma decisão polêmica. O Conselho Permanente de Justiça, órgão do Tribunal de Justiça Militar de São Paulo (TJM), determinou a soltura de três dos 15 agentes que estavam presos preventivamente.

Foram beneficiados pelo habeas corpus o tenente Thiago Maschion Angelim da Silva e os soldados Abraão Pereira Santana e Julio Cesar Scarlett Barbini. Os três agora vão responder ao processo em liberdade.
Ação penal contra 15 PMs
De acordo com o TJM, “a ação penal tem como réus 15 policiais militares, acusados dos crimes de falsidade ideológica e de promoção, constituição, financiamento ou integração de organização criminosa”.
Em maio, 18 PMs chegaram a ser denunciados pela Justiça Militar por crimes ligados ao caso. Na divisão feita pelos investigadores, três policiais teriam executado diretamente o assassinato, enquanto outros 14 eram responsáveis pela escolta de Gritzbach. Embora comum dentro da corporação, a prática de atuar como segurança particular é considerada transgressão disciplinar. Além deles, um agente foi indiciado por falsidade ideológica e prevaricação.
Na audiência de quarta-feira, o Conselho analisou pedidos de revogação de prisão preventiva e também ouviu cinco testemunhas da acusação, duas delas sob proteção. O julgamento segue agora com a apresentação das testemunhas de defesa.
O assassinato de Gritzbach
O caso remonta a 2021, quando Gritzbach, de 39 anos, foi morto por policiais militares a mando de Emílio Carlos Gongorra de Castilho, de 44 anos, conhecido como Cigarreira. Segundo a investigação da Polícia Civil, Castilho tinha ligação com o PCC e teria ordenado a execução como resposta à morte de Anselmo Becheli Santa Fausta, o Cara Preta, e de seu motorista, Antônio Corona Neto, o Sem Sangue.
Na época, Gritzbach era considerado o principal suspeito da morte de Cara Preta em inquérito conduzido pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Ele, no entanto, negava qualquer participação no crime e sustentava ser vítima de uma articulação entre policiais e integrantes da facção criminosa para incriminá-lo.
Próximos passos
Com parte dos réus em liberdade, o processo na Justiça Militar entra em nova fase, marcada pela oitiva das testemunhas de defesa. Paralelamente, um outro processo corre na Justiça comum, ampliando a complexidade jurídica do caso.
A expectativa é de que os desdobramentos do julgamento tragam à tona mais detalhes sobre a ligação entre policiais militares e o PCC, além das disputas violentas envolvendo facções e agentes do Estado em São Paulo.