Embora alguns daqueles que não fazem parte do colegiado tenham dito que a questão deveria ser levada ao Plenário, outros acreditam que julgar o ex-mandatário neofascista na Primeira Turma evita desgastes para os demais integrantes do STF.
Por Redação – de Brasília
Embora a decisão do ministro Alexandre de Moraes de manter o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), caso seja aceita a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) pelo crime de golpe de Estado, entre outros, tenha gerado reações contraditórias entre os integrantes da Corte, a maioria concorda com a medida.

Segundo levantamento procedido junto aos magistrados do STF pela coluna da jornalista Mônica Bergamo, do diário conservador paulistano Folha de S. Paulo (FSP), e divulgado nesta sexta-feira, a decisão é vista como estratégica e benéfica para o Tribunal por grande parte dos ministros.
Embora alguns daqueles que não fazem parte do colegiado tenham dito que a questão deveria ser levada ao Plenário, outros acreditam que julgar o ex-mandatário neofascista na Primeira Turma evita desgastes para os demais integrantes do STF.
Um dos magistrados declarou à coluna que a escolha impede que toda a Corte se envolva em um embate direto com a base bolsonarista, que já se mostra hostil ao Tribunal. A preocupação se justifica diante da crescente pressão de parlamentares aliados ao ex-presidente e da expectativa de que esses ataques se intensifiquem após as eleições do ano que vem.
Cenário
A opção de Moraes evidencia, no entanto, um dilema interno na Corte. Ainda que alguns ministros priorizem a estratégia institucional e a eficiência processual, outros propõem um julgamento mais amplo para garantir que o veredito seja respaldado pela totalidade do Tribunal.
O desdobramento do impasse poderá, assim, apresentar aspectos dissonantes na relação entre o STF e as forças políticas de ultradireita, ligadas ao ex-presidente, especialmente diante do acirramento do cenário político nos próximos anos.
Outro ponto favorável à decisão, porém, é a possibilidade de um julgamento mais rápido. Com apenas cinco ministros participando da análise do caso, espera-se que o processo tramite com maior celeridade em comparação a um julgamento no plenário, que envolve os 11 integrantes do Supremo.