A decisão foi divulgada após o ministro das Finanças israelense, Bezalel Smotrich, ameaçar renunciar ao cargo a menos que medidas fossem tomadas para “impedir que os suprimentos sejam levados ao Hamas”.
Por Redação, com ANSA – de Gaza
O governo israelense anunciou nesta quinta-feira a suspensão das entregas de ajuda humanitária na Faixa de Gaza para evitar que os alimentos cheguem ao grupo fundamentalista islâmico Hamas.

A decisão foi divulgada após o ministro das Finanças israelense, Bezalel Smotrich, ameaçar renunciar ao cargo a menos que medidas fossem tomadas para “impedir que os suprimentos sejam levados ao Hamas”.
O caso foi informado por uma fonte ao Canal 12, citado pelo jornal “Times of Israel”, e logo após o gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu ter ordenado às Forças de Defesa de Israel (FDI) que elaborassem um plano em 48 horas para impedir o “roubo de ajuda humanitária”.
Segundo o governo israelense, citado pela fonte, a suspensão das entregas de ajuda permanecerá em vigor até que o Exército apresente o projeto.
Mais cedo, o ministro da Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben-Gvir, já havia defendido a “interrupção completa” das operações de ajuda humanitária no enclave palestino, alegando que o Hamas assumiu o controle dos bens e alimentos distribuídos.
Na rede social X, o ministro divulgou um vídeo no qual é possível ver homens armados sobre caminhões com suprimentos. De acordo com ele, “a ajuda humanitária que atualmente entra em Gaza é uma vergonha absoluta”.
– Quando eu, infelizmente, fui o único que votou há um mês e meio contra a autorização da ajuda, o que para mim era claro que daria fôlego ao Hamas, houve quem zombasse de mim e afirmasse que ‘a ajuda que entra na Faixa de Gaza norte seria apenas por 10 dias’ – acrescentou.
O ministro enfatizou ainda que o “Hamas está assumindo o controle das quantidades de alimentos e bens que contribuem para sua sobrevivência”.
– Interromper a ajuda nos levará rapidamente à vitória. Exigirei do primeiro-ministro que, na próxima reunião de gabinete, a questão da autorização da entrada de ajuda na Faixa de Gaza seja novamente votada – informou Ben-Gvir.
Atualmente, a distribuição dos suprimentos é feita pela Fundação Humanitária de Gaza (GHF), organização apoiada tanto pelos Estados Unidos quanto pelo governo de Israel. A estrutura, no entanto, tem sido denunciada como uma “armadilha mortal”.
De acordo com o chefe do Escritório da ONU para Assuntos Humanitários nos Territórios Palestinos Ocupados, Jonathan Whittall, mais de 400 pessoas já foram assassinadas enquanto tentavam obter comida na Faixa de Gaza desde que Israel revogou o bloqueio à entrada de ajuda, há pouco mais de um mês.
Nesta manhã, inclusive, ataques das forças israelenses em Gaza deixaram mais de 30 mortos, sendo que três vítimas aguardavam ajuda humanitária perto de pontos de distribuição.
Conforme noticiado pela Al Jazeera, outras nove pessoas foram mortas no bombardeio de uma escola que abrigava deslocados no bairro de Sheikh Radwan, na Cidade de Gaza, enquanto duas vítimas perderam a vida em um ataque no bairro de Zeitoun, e outra, em uma ofensiva em Jabalia, mais ao norte.
Fontes do Hospital Nasser apontam que um dos palestinos foi morto por um drone militar israelense em um ataque perto do hospital de campanha jordaniano, a oeste de Khan Younis, no sul do enclave.
– Há uma situação catastrófica de genocídio em Gaza. Apoiamos o pedido da ONU por acesso à ajuda, um cessar-fogo e o avanço rumo à solução de dois Estados – declarou o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, ao chegar ao Conselho Europeu. “Israel está violando o Artigo 2, sobre direitos humanos, do acordo entre a UE e Israel. Hoje, pedirei a suspensão imediata deste acordo”, acrescentou.
Gaza registra mais de 100 mortos em um dia
Os ataques israelenses na Faixa de Gaza nas últimas 24 horas provocaram ao menos 103 mortos e 219 feridos, informaram fontes do enclave palestino nesta quinta-feira.
Segundo a agência de notícias palestina Wafa, todas as vítimas e as pessoas com ferimentos foram transportadas para hospitais da região.
Desde o início da guerra, o número de mortos em Gaza chegou a 56.259, enquanto outras 132.458 pessoas ficaram feridas.
Fontes médicas confirmaram que, do total de vítimas, 5.936 civis foram mortos e 20.417 ficaram feridos desde 18 de março de 2025, quando as Forças de Defesa de Israel (IDF) retomaram seu ataque a Gaza.