A proposta de liberação dos envolvidos nos atos golpistas do 8 de Janeiro, no entanto, foi recebida com frieza pela cúpula das duas Casas, rejeitada mesmo por aliados do ex-presidente.
Por Redação – de Brasília
Depois de ser alvo de medidas judiciais por parte do Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-mandatário neofascista Jair Bolsonaro (PL) tem tentado, sem sucesso, promover a mobilização de sua base de apoio no Congresso, durante o recesso parlamentar, na tentativa de confrontar o Judiciário. O radical de extrema direita busca obter anistia para os crimes dos quais é alvo de julgamento, na Corte.

A proposta de liberação dos envolvidos nos atos golpistas do 8 de Janeiro, no entanto, foi recebida com frieza pela cúpula das duas Casas, rejeitada mesmo por aliados do ex-presidente. A movimentação, articulada após encontro com parlamentares bolsonaristas, enfrenta resistência do chamado ‘Centrão’ e de setores do próprio PL.
Entre as pautas propostas por seguidores de Bolsonaro estão projetos de difícil tramitação, como a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para restringir o foro privilegiado, o que poderia afetar diretamente os inquéritos contra Bolsonaro, no STF; além de propostas para ampliar hipóteses de impeachment de ministros da Corte Suprema.
Recesso
A ofensiva também previa tentativas de sessões extraordinárias durante o recesso, o que foi vetado pelos presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP). A pressão para reduzir o período de férias dos parlamentares gerou mais reações negativas. O deputado Antonio Carlos Rodrigues (PL-SP), que integra um segmento do partido mais distante do bolsonarismo, criticou duramente a tentativa de convocar sessões fora do calendário legislativo.
— Isso (fazer sessão durante o recesso) é um absurdo. Como derrubo uma agenda com o prefeito de São Paulo? Não é assim, a gente tem uma programação. Dá para fazer por videoconferência, mas ir para Brasília é para deputado da internet. Deputado que trabalha não pode ir a Brasília a qualquer momento — afirmou Rodrigues.
Vergonha alheia
Para o líder do MDB na Câmara, Isnaldo Bulhões (AL), aliado de Motta, a atuação dos bolsonaristas tem sido vexaminosa.
— Não sei quem está levando isso a sério; além de Bolsonaro e das figuras que são retrato dele. É patético. Não são pautas pontuais. O conjunto da obra e o contexto geral dão vergonha alheia — disparou.
Além da PEC sobre foro privilegiado, o pacote bolsonarista também propõe alterar a Lei do Impeachment para atingir ministros do STF e criar prazos para a análise de pedidos de afastamento no Senado. A proposta de impedimento do ministro Alexandre de Moraes também foi incluída, mas até mesmo líderes partidários simpáticos a Bolsonaro, no ‘Centrão’, classificam a tese como politicamente inviável.