Lula chega à Guiana como um dos convidados especiais, uma vez que o Brasil não é membro do Caricom, e foi pautado para discursar no encerramento do encontro. A cúpula começou em 25 de fevereiro e foi encerrada nesta quarta-feira. Lula deixou Brasília rumo ao país vizinho durante a manhã.
Por Redação - de Brasília
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarcou, na tarde desta quarta-feira, em Georgetown, capital da Guiana, para participar da 46ª Conferência de Chefes de Governo da Comunidade do Caribe (Caricom) em viagem que tem como principal objetivo mediar a crise entre Venezuela e Guiana. Os países disputam o território de Essequibo.
Lula chega à Guiana como um dos convidados especiais, uma vez que o Brasil não é membro do Caricom, e foi pautado para discursar no encerramento do encontro. A cúpula começou em 25 de fevereiro e foi encerrada nesta quarta-feira. Lula deixou Brasília rumo ao país vizinho durante a manhã.
Além de participar da sessão da Cúpula, o líder brasileiro também terá um encontro bilateral com a primeira-ministra de Barbados, Mia Mottley e uma reunião com o presidente da Guiana, Irfaan Ali, e com o presidente do Suriname, Chan Santokhi.
Petróleo
Os debates entre os líderes caribenhos giraram em torno de assuntos financeiros, segurança regional e fronteiras – um dos tema abordados por Lula. A disputa em torno da região do Rio Essequibo é um dos pontos que o presidente levou ao diálogo com Irfaan Ali. A reivindicação das terras de fronteira, com 160 mil km² e reservas de petróleo fino, vem desde o século XIX, mas voltou à tona com força no debate regional depois que o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, conseguiu a aprovação maciça dos eleitores para reivindicar cerca de 70% do território guianês, em referendo ocorrido no ano passado.
O presidente brasileiro não esconde a preocupação com a possibilidade de um enfrentamento armado entre Estados sul-americanos, na disputa pela região. O Brasil já mobilizou tropas na divisa em contenda. Além da tensão por Essequibo, Lula e Irfaan Ali conversaram também sobre meio ambiente e a presença militar dos Estados Unidos na Guiana. Os dois países negociam a abertura de uma base militar norte-americana, no país.
Lula já havia participado da conferência caribenha em 2005, também como convidado. Naquele ano, a reunião foi realizada em Paramaribo, capital do Suriname. Na ocasião, Lula falou sobre a importância de estreitar a relação do Mercosul com outros países da América do Sul e se disse favorável a um acordo de livre-comércio entre o bloco e a Comunidade do Caribe.
A Caricom foi criada em 1973 e tem sede em Georgetown. Ao todo, o bloco tem 15 integrantes e outros 5 associados. O objetivo é fortalecer a integração tanto econômica na região, quanto política e de segurança.
Ilhas Granadinas
Depois da Caricom, já na quinta-feira, Lula embarca para São Vicente e Granadinas para a abertura da 8ª Cúpula da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), que acontece na capital Kingstown.
Lá, é esperado que ele tenha uma reunião bilateral com o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro para tratar de Essequibo, mas também sobre as eleições na Venezuela e o cumprimento do acordo de Barbados.
O Brasil foi um dos fundadores do grupo em 2011, mas deixou a Celac durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Assim que assumiu a presidência, Lula fez questões de voltar ao bloco.