Agentes da PF, no entanto, encontraram motivo suficiente para pedir e a Procuradoria-Geral da República concordar em solicitar ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) uma ordem restritiva ao réu em processos que tramitam no Judiciário.
Por Redação – de Brasília
O ex-mandatário neofascista Jair Bolsonaro (PL) disse nesta sexta-feira, em entrevista coletiva após sair da sede da Polícia Federal (PF) com uma tornozeleira instalada no pé esquerdo, que “fugir do Brasil é a coisa mais fácil que existe” e ele não deixou o país porque não havia pensado nessa possibilidade.

Agentes da PF, no entanto, encontraram motivo suficiente para pedir e a Procuradoria-Geral da República concordar em solicitar ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) uma ordem restritiva ao réu em processos que tramitam no Judiciário.
— Nunca pensei em sair do Brasil. Nunca pensei em ir para embaixada, mas as cautelares são em função disso — reclamou Bolsonaro aos repórteres que o cercaram, logo após ter colocado tornozeleira.
Sanções
Segundo ex-presidente, a decisão do STF está relacionada ao inquérito criminal que investiga o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), o filho ’03 como é conhecido, por trabalhar para que autoridades dos Estados Unidos apliquem sanções a ministros da Suprema Corte brasileira. O tiro, no entanto, saiu pela culatra.
— O inquérito que gerou as cautelares em cima de mim é aquele que meu filho está respondendo por estar nos EUA — continuou, admitindo que há uma trama em curso para atacar a Corte Suprema.
Inquérito
Bolsonaro, no entanto, é réu também em processo no STF acusado de liderar o golpe de Estado fracassado no 8 de Janeiro, após derrota na eleição presidencial de 2022. Bolsonaro chamou o inquérito sobre o golpe de “político” e disse que não existe “nada de concreto” contra ele, apesar das provas apresentadas pelas autoridades policiais.
A atuação do filho ’03’ levou o presidente dos EUA, Donald Trump, a anunciar na semana passada, em carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que os EUA imporão tarifa de 50% às exportações brasileiras a partir de 1º de agosto, vinculando a decisão, entre outros assuntos, ao tratamento que Bolsonaro vem recebendo do STF.
O deputado de ultradireita tem feito campanha nos EUA pela imposição de sanções a autoridades brasileiras por conta dos processos judiciais contra seu pai. Não só comemorou o anúncio das tarifas contra o Brasil por Trump, mas agradeceu ao presidente dos EUA pela medida que, uma vez aplicada, significará a perda de empregos e prejuízos bilionários ao país.
Apoio
Logo depois da ordem para restrição de liberdade do ex-presidente, o ministro Alexandre de Moraes recebeu o apoio da Primeira Turma do STF, que formou maioria para manter a decisão de impor medidas contra o réu.
Além de Moraes, relator do caso, a Turma é formada pelos ministros Cristiano Zanin, presidente, Cármen Lúcia, Luiz Fux e Flávio Dino. O julgamento seguirá até às 23h59 da próxima segunda-feira. A sessão foi aberta às 12h. O relator votou pela manutenção da medida e Dino o acompanhou pouco depois de meia hora mais tarde. Uma hora depois, Zanin também votou no mesmo sentido.
“Os eventos deflagradores desta decisão em referendo têm direta conexão com deliberações de governo estrangeiro, explicitamente voltadas contra competências exclusivas do STF”, resumiu Dino.