França, a partir de sua decisão, vê o acordo entre o ex-presidente e o ex-governador de São Paulo como fechado. Em dezembro último, França havia afirmado que a chance da chapa Lula-Alckmin vingar era de 99%. Na noite passada, elevou a possibilidade para 99,9%.
Por Redação - de São Paulo
A decisão do ex-governador de São Paulo Márcio França (PSB) de recuar na intenção de ser candidato ao governo do Estado de São Paulo e passar a apoiar o ex-prefeito paulistano Fernando Haddad (PT), caso ele se mantenha na liderança das pesquisas de opinião “até maio ou junho deste ano”, conforme afirmou em entrevista, na noite passada, praticamente garante a presença do ex-governador Geraldo Alckmin (sem partido) na chapa a ser formada com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Ex-ministro da Educação e ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad concorre agora ao governo do Estado
— Em julho ou maio, quem estiver na frente é o candidato a governador, e o outro vai compor a chapa do jeito que der. (...) O PT topou, o Lula topou, a Gleisi topou. O Haddad deve vir a topar também — disse França à jornalista Andrea Sadi em seu programa, em uma rede de TV para assinantes.
França, a partir de sua decisão, vê o acordo entre o ex-presidente e o ex-governador de São Paulo como fechado. Em dezembro último, França havia afirmado que a chance da chapa Lula-Alckmin vingar era de 99%. Na noite passada, elevou a possibilidade para 99,9%.
Disputa
A candidatura ao governo de São Paulo era o maior empecilho para a formação da aliança entre PT e PSB e, segundo o próprio Lula, o grande motivador de Geraldo Alckmin integrar a chapa presidencial. Lula quer Haddad no governo de São Paulo e não abre mão disso.
Lula é grato a Haddad pelo papel que desempenhou em seu segundo governo como ministro da Educação e sobretudo pela posição firme de seu ex-ministro e ex-prefeito de São Paulo na duríssima batalha de 2018.
Quanto à presença de Alckmin como vice, na chapa de Lula, o próprio futuro candidato explicou à presidenta deposta Dilma Rousseff (PT) que ele representa, atualmente, a melhor oportunidade para que a eleição seja definida ainda no primeiro turno. Rousseff, indicada por uma parcela do PT ao posto oferecido ao ex-tucano, tem questionado seu antecessor quanto à indicação de um nome da centro-direita.
— Alckmin vale uma missa? — perguntou Rousseff recentemente a Lula e ele disse que sim, “em nome da governabilidade”.
Traição
Na conversa entre os ex-presidentes, em meados de janeiro, na presença da presidente do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), e do presidente da Fundação Perseu Abramo, Aloizio Mercadante, Dilma citou seu processo de impeachment e o golpe de Estado que se sucedeu, em 2016. A ex-presidente culpou seu vice, Michel Temer (MDB), como principal articulador do movimento que a retirou do cargo.
Na ocasião, Dilma alertou Lula para o risco de uma nova traição, no que foi tranquilizada, segundo relatos dos presentes, por seu interlocutor. Lula saiu em defesa da necessidade de união nacional e disse que Alckmin não se compara a Temer. Além disso, caso sejam eleitos, Alckmin será chamado a participar da administração em um cargo efetivo, assim como seu vice, José Alencar, teve relevância nos oito anos de seu governo.