O relatório da instituição internacional de direitos humanos detalhou os ataques nos arredores de dois campos de Tigré, onde forças locais combatem o governo etíope e seus aliados eritreus desde novembro em um conflito que abala a região do Chifre da África.
Por Redação, com Reuters - de Nova York
Soldados da Eritreia e milícias de Tigré estupraram, detiveram e mataram refugiados eritreus em Tigré, região do norte da Etiópia, disse a Human Rights Watch (HRW) nesta quinta-feira.
Mulher em campo de refugiados que abrigam etíopes que fugiram de combates na região de Tigré
O relatório da instituição internacional de direitos humanos detalhou os ataques nos arredores de dois campos de Tigré, onde forças locais combatem o governo etíope e seus aliados eritreus desde novembro em um conflito que abala a região do Chifre da África.
Refugiados
Dezenas de milhares de refugiados eritreus moram em Tigré, uma província montanhosa e pobre de cerca de 5 milhões de habitantes.
Os moradores de Tigré desconfiam dos refugiados por serem da mesma nacionalidade dos soldados eritreus ocupantes, e os eritreus porque a lealdade dos refugiados é questionada desde que eles fugiram de sua terra natal.
– Os assassinatos, estupros e saques horrorosos contra refugiados eritreus em Tigré são crimes de guerra claros – disse Laetitia Bader, diretora da HRW para o Chifre da África, cujo trabalho noticiado primeiramente pela agência inglesa de notícias Reuters se baseou em entrevistas com 28 refugiados e outras fontes, inclusive imagens de satélite.
O Ministério da Informação da Eritreia não retornou de imediato ligações pedindo comentários, mas anteriormente o país negou atrocidades e disse que suas forças não visam civis.
Um porta-voz da Frente de Libertação do Povo do Tigré disse que forças formais e uniformizadas de Tigré só foram recentemente para a área e que é possível que abusos tenham sido cometidos por milícias locais.
– Foi somente no último mês, mais ou menos, que nossas forças rumaram para aquelas áreas. Havia uma grande presença do Exército eritreu lá – disse Getachew Reda à Reuters. "Se havia grupos de justiceiros agindo no calor do momento é algo que não posso descartar."
Conflito em Tigré
Investigadores internacionais são bem-vindos para visitar a área, disse ele.
Antes do conflito em Tigré, a Etiópia abrigava cerca de 150 mil refugiados eritreus em fuga da pobreza e de um governo autoritário.
Grande parte do relatório da HRW se concentrou nos dois campos de Shimelba e Hitsats, destruídos durante os combates. A HRW citou cifras do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), segundo o qual 7.643 dos 20 mil refugiados vivendo na ocasião nos campos de Hitsats e Shimelba ainda estão desaparecidos.
O Acnur disse estar "alarmado" com os relatos de "sofrimento imenso" em campos de refugiados, que não conseguiu acessar entre novembro e março.