Rio de Janeiro, 26 de Junho de 2025

Fim da pandemia não trará empregos de volta, avaliam economistas

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Sexta, 23 de Julho de 2021 às 12:34, por: CdB

Esse contingente de brasileiros no desvio, sem renda, no entanto, deverá permanecer o mesmo quando a crise passar e a economia voltar à normalidade. O Brasil não deve registrar uma taxa de desemprego inferior a cerca de 10%, avaliam analistas.

Por Redação, com BBC - de São Paulo
A perspectiva de uma volta gradual da economia brasileira à normalidade tem sido usada por agentes do governo de Jair Bolsonaro (sem partido) como uma panacéia para a crise econômica que ancorou no país desde o golpe de Estado, em 2016. Atualmente, a taxa de desemprego se mantéve, no trimestre encerrado em abril, no nível recorde de 14,7%, com 14,8 milhões de desempregados e 6 milhões de desalentados (pessoas que desistiram de procurar emprego).
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O número de jovens desempregados tende a crescer, nos próximos meses, mesmo com o fim da pandemia
Esse contingente de brasileiros no desvio, sem renda, no entanto, deverá permanecer o mesmo quando a crise passar e a economia voltar à normalidade. O Brasil não deve registrar uma taxa de desemprego inferior a cerca de 10%, avaliam analistas, o que significa que aproximadamente 10 milhões de pessoas permanecerão desocupadas. Isso porque essa seria a chamada taxa de desemprego de equilíbrio do país, pelas contas dos economistas.

Pandemia

Nosso desemprego "natural" é mais alto do que o de países desenvolvidos, em grande medida devido ao baixo nível de formação da mão de obra, alto índice de rotatividade e informalidade, e elevado custo de contratação dos trabalhadores, dizem os especialistas. — Nossa infeliz realidade é de um pleno emprego em que quase 10% da população tem que estar desempregada para que a situação seja considerada estável ao longo do tempo — afirmou Braulio Borges, economista sênior da LCA Consultores e pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV) à agência britânica de notícias BBC Brasil. Segundo Borges, "essa taxa de equilíbrio não quer dizer que a economia vai naturalmente, quase que por inércia, convergir para lá”. — Pode demorar muito tempo, se a gente deixar os mercados agirem. É preciso política econômica ativa (para reduzir o desemprego) — acredita.

Momento ruim

Os economistas consideram que a taxa de desemprego de equilíbrio de um país é aquela em que o nível de emprego não contribui para acelerar a inflação. Ela é chamada no jargão econômico de Nairu (non-accelerating inflation rate of unemployment, em inglês). — Quando a taxa de desemprego está acima do nível de equilíbrio, isso significa que o mercado de trabalho está num momento ruim e há menor pressão no custo de trabalho. Num mercado de trabalho deteriorado, os trabalhadores têm menor poder de barganha e menos capacidade para exigir salários melhores. Com essa menor pressão de custos para as empresas, é menor a pressão inflacionária — resume Victor Kayo, economista da MCM Consultores.
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