O mandado de prisão contra Santos foi expedido pelo ministro do STF Alexandre de Moraes, a quem o ministro dirigiu mensagem em um grupo de colegas de governo. Ele buscava esclarecer que esteve presente ao encontro de uma igreja evangélica, a convite de um “pastor amigo”, que também apoia Jair Bolsonaro (PL).
Por Redação - de Brasília
Com a repercussão do encontro entre o ministro das Comunicações, Fábio Faria e o blogueiro Allan dos Santos, foragido da Justiça brasileira, nos Estados Unidos, o integrante da tropa bolsonarista corre na tentativa de desfazer o erro, na manhã desta segunda-feira, ao procurar integrantes do governo federal e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) para se explicar e tentar impedir a abertura de um inquérito policial contra ele.
Farias (segundo da esquerda para direita) não parece surpreso com a presença de Allan dos Santos ao microfone (C)
O mandado de prisão contra Santos foi expedido pelo ministro do STF Alexandre de Moraes, a quem o ministro dirigiu mensagem em um grupo de colegas de governo. Ele buscava esclarecer que esteve presente ao encontro de uma igreja evangélica, a convite de um “pastor amigo”, que também apoia Jair Bolsonaro (PL).
Segundo Faria, o foragido da Justiça Allan dos Santos apareceu “de última hora” e “de surpresa” no local. Na foto em que aparece ao lado de Santos, no entanto, Faria não parece ter sido surpreendido por alguma coisa. Ele ainda culpa a mídia por associar o encontro dele com Allan dos Santos a um suposto "apoio do governo" ao blogueiro foragido.
Convidados
“Amigos, só pra deixar vcs (sic) informados. Fui para um evento na igreja Lagoinha em Orlando do Pastor André Valadão que apoia o PR e é muito meu amigo e da família. Fui fazer uma palestra sobre o cenário político no Brasil com outros convidados. De última hora chegou de surpresa o Allan dos Santos que as vezes (sic) apoiador do governo e outras muito crítico ao governo e membros do governo, eu por exemplo sou um alvo constante.
“Enfim, quiseram ontem fazer uma grande matéria de que o governo brasileiro tinha ajudado ele a fugir e que a minha presença significaria um apoio do governo ao Allan. Fiz uma nota de que não sabia que ele estaria no evento e se eu soubesse eu não teria comparecido. A nota cessou as especulações”, escreveu o ministro.
Aos magistrados do STF, Faria disse não ter participado de jantar ou confraternização com Allan dos Santos, embora as fotos mostrem exatamente o contrário. Ele afirmou que, após o evento, foi até a sala do pastor dentro da igreja para cumprimentar outros convidados, onde foi servido um “lanche”.
No paralelo
De acordo com jornalista Ricardo Noblat, no entanto, Faria sabia, sim, da presença de Allan dos Santos no evento e teria recebido o aval do presidente Bolsonaro para aparecer ao lado do blogueiro.
"Faria mente. Não só soube com antecedência como consultou o presidente Jair Bolsonaro a respeito. E ouviu dele o seguinte conselho: é justamente em horas de aperto que não se deve abandonar os amigos. Bolsonaro costuma abandonar, mas, no caso de Allan, tem feito tudo o que pode para protegê-lo”, escreveu Noblat, em seu blog.
Fábio Faria é ministro das Comunicações mas já montou um escritório paralelo da pasta em Natal, no Rio Grande do Norte, onde tenta viabilizar uma candidatura para concorrer ao governo do estado contra a atual governadora, Fátima Bezerra (PT). Até o momento, Faria está sem partido, mas deve se filiar ao PP. Ele tem também a perspectiva de ser escolhido para vice de Bolsonaro.
Ataque
Durante o encontro intitulado Governe Conference, na Flórida, sobre política e religião; além de Faria e Santos, estiveram presentes o vereador de Belo Horizonte Nikolas Ferreira (PRTB-MG), o deputado federal Lucas Gonzalez (Novo-MG), o neto de João Baptista Figueiredo — último presidente da ditadura militar — Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho, pastores e o ex-campeão mundial pela seleção brasileira de futebol Rivaldo.
Em sua fala, o ministro atacou políticos de esquerda e afirmou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pré-candidato pelo PT à Presidência, tem um projeto para perpetuar-se no poder. Para ele, “político de esquerda só pensa na próxima eleição”.
O ministro também aproveitou para dialogar com os evangélicos. Ele disse que se converteu no final de 2018 e afirmou que as pessoas só descobriram o que é direita e esquerda por causa do presidente Jair Bolsonaro.
— O conceito de direita e de esquerda só surgiu quando veio um político conservador e agora temos um presidente conservador. Ninguém sabia o que era direita e esquerda e vocês sabiam. Eu não sabia — concluiu.