Depardieu, que atuou em mais de 200 filmes e séries de televisão, é a figura de maior destaque a enfrentar acusações de violência sexual, na resposta do cinema francês ao movimento #Metoo.
Por Redação, com CartaCapital – de Paris
A Justiça francesa determinou que o astro do cinema Gérard Depardieu, de 76 anos, deve ser julgado por supostamente estuprar e agredir sexualmente a atriz Charlotte Arnould, indicaram nesta terça-feira à agência francesa de notícias Agence France-Presse (AFP) fontes próximas ao caso.

Depardieu, que atuou em mais de 200 filmes e séries de televisão, é a figura de maior destaque a enfrentar acusações de violência sexual, na resposta do cinema francês ao movimento #Metoo e já foi condenado em outro caso.
O juiz de instrução determinou um novo julgamento por “duas agressões sexuais e estupros mediante penetração digital” na casa do ator em Paris nos dias 7 e 13 de agosto de 2018, segundo a advogada de Charlotte Arnould, Carine Durrieu-Diebolt.
“Estou aliviada” após “sete anos de horror e de inferno”, celebrou Arnould na rede social Instagram, que denunciou o ator em 2018, dias após os fatos.
“Nunca, jamais abusei de uma mulher”, afirmou em uma carta aberta publicada pelo jornal Le Figaro em outubro de 2023. Seu advogado, contatado pela AFP, não comentou a decisão por enquanto.
A decisão pelo julgamento, contra a qual ainda cabe recurso, “é uma resposta às acusações falsas lançadas contra [a denunciante] em alguns meios de comunicação”, celebrou a advogada de Arnould.
“Amigo da família”
O caso é um dos mais antigos abertos contra o premiado intérprete de Cyrano de Bergerac e de mais de 200 filmes e séries.
A Justiça arquivou inicialmente a denúncia de Arnould, mas a atriz conseguiu que a investigação fosse reaberta em meados de 2020. Em 16 de dezembro, Depardieu foi indiciado.
Em dezembro de 2021, ao ver que “nada” acontecia e que o ator continuava com sua carreira, a denunciante revelou sua identidade na rede social Twitter e, em abril de 2023, compartilhou sua versão dos fatos na revista Elle.
Naquele verão de 2018, a então jovem bailarina, enfrentando uma anorexia, decidiu mudar de rumo e foi selecionada para “Passion”, obra dirigida por Fanny Ardant.
Convidada, foi à residência do ator, que descreve como um “amigo da família”, uma pessoa em quem tinha “confiança absoluta” e que estava ciente de sua “doença”.
“Após 10 minutos”, aquele que “poderia ser [seu] avô” colocou uma mão em sua roupa íntima, acrescenta.
No jornal Le Figaro, o acusado garantiu que nunca houve “nem coação, nem violência, nem protestos”.
“Uma mulher veio à minha casa pela primeira vez, com passo leve, e subiu ao meu quarto por vontade própria. Agora diz que foi estuprada”, escreveu.
Antes das polêmicas sobre seus excessos verbais e as acusações de violência sexual, Gérard Depardieu foi considerado durante décadas um gigante do cinema francês.
O intérprete já foi condenado em meados de maio a 18 meses de prisão com suspensão da pena por agredir sexualmente outras duas mulheres durante as filmagens, em 2021, de Les Volets Verts de Jean Becker. Ele recorreu da condenação.