Rio de Janeiro, 15 de Setembro de 2025

Estado do Rio é condenado a indenizar família de menino morto pela PM

Arquivado em:
Segunda, 15 de Setembro de 2025 às 12:17, por: CdB

Estado também terá que pagar pensão à mãe de Kauê Ribeiro, de 12 anos, atingido durante ação policial no Complexo do Chapadão em 2019.

Por Redação, com Agenda do Poder – do Rio de Janeiro

A 8ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) decidiu aumentar para R$ 700 mil o valor da indenização que o Estado deverá pagar à família de Kauê Ribeiro dos Santos, de 12 anos, morto durante uma operação da Polícia Militar no Complexo do Chapadão, Zona Norte do Rio, em setembro de 2019.

Estado do Rio é condenado a indenizar família de menino morto pela PM | Justiça determina pagamento de R$ 700 mil a família de vítima da PM
Justiça determina pagamento de R$ 700 mil a família de vítima da PM

Segundo informa a coluna de Ancelmo Gois, no diário conservador carioca O Globo, a indenização foi fixada em R$ 300 mil para a mãe da vítima e R$ 80 mil para cada um dos cinco irmãos. Além da compensação financeira, a decisão determina que a mãe receba pensão mensal a partir da data em que Kauê completaria 14 anos, considerando que o menino contribuía para o sustento da casa.

O caso que chocou o Rio

Kauê foi atingido na cabeça na noite de 9 de setembro de 2019, por volta das 20h, na Estrada do Camboatá. Ele vendia balas para ajudar a família quando tentou correr para se proteger e acabou baleado.

Na época, policiais do 41º BPM (Irajá) afirmaram que realizavam uma operação contra criminosos na região conhecida como “Lote” e alegaram que a criança estaria entre os suspeitos.

A família contestou a versão oficial desde o início. Uma parente relatou que não havia tiroteio no momento do disparo e que, após o menino ser atingido, seu corpo foi arrastado pela rua e colocado dentro do caveirão. O enterro ocorreu dois dias depois, no Cemitério de Olinda, em Nilópolis, na Baixada Fluminense.

Responsabilidade do Estado

Para os desembargadores do TJRJ, ficou configurada a responsabilidade civil do Estado diante da morte de uma criança em operação policial. O tribunal reconheceu que a família sofreu danos morais graves e que a reparação deveria refletir não apenas a dor causada pela perda, mas também o impacto socioeconômico da ausência de Kauê.

Ao fixar a pensão mensal para a mãe, a Justiça considerou que o menino, apesar da pouca idade, já contribuía financeiramente para a casa, uma realidade comum em famílias de baixa renda.

Contexto de violência em operações policiais

O caso de Kauê se soma a uma série de episódios trágicos envolvendo mortes de crianças em operações da Polícia Militar no Rio de Janeiro. Nos últimos anos, decisões judiciais têm reconhecido a responsabilidade do Estado em episódios que evidenciam a letalidade das ações policiais em áreas de favela e periferia.

A decisão da 8ª Câmara do TJRJ ainda pode ser alvo de recurso, mas reforça a jurisprudência que responsabiliza o poder público por mortes de civis, sobretudo menores de idade, em contextos de operações oficiais.

Tags:
Edições digital e impressa
 
 

 

 

Jornal Correio do Brasil - 2025

 

Utilizamos cookies e outras tecnologias. Ao continuar navegando você concorda com nossa política de privacidade.

Concordo