Avança no Congresso e no governo as propostas de ensino domiciliar e de militarização das escolas no país. Em primeiro lugar, cabe perguntar: Por que os setores mais conservadores defendem essas modalidades com tanta devoção?
Por Francisca Rocha - de São Paulo
Avança no Congresso e no governo as propostas de ensino domiciliar e de militarização das escolas no país. Em primeiro lugar, cabe perguntar: Por que os setores mais conservadores defendem essas modalidades com tanta devoção?Escola militarizada
Outro projeto absurdo deste desgoverno se refere à militarização das escolas. Apresentada como solução para o abandono e para a violência presente em muitas escolas. O projeto é uma falácia, Primeiro porque, a par de investimentos muito superiores dos recebidos pelas escolas públicas, ninguém garante qualidade no ensino. Porque se as escolas militares fossem boas, não teríamos um presidente tão ignorante, contra a educação, o conhecimento, a cultura e a ciência. Além disso, o que os cerca de 6 mil militares atuantes no desgoverno estão fazendo? Um exemplo claro da falta de compromisso com a população consiste nos inúmeros indícios de corrupção no Ministério da Saúde, sob o comando do general Eduardo Pazuello, na gestão da pandemia Além disso, o projeto criminaliza os mais pobres com o discurso de opressão. As escolas públicas necessitam de maiores investimentos para estruturá-las e adequá-las aos anseios dos estudantes, com valorização dos profissionais da educação e criação de projetos que favoreçam o processo de ensino e aprendizagem num ambiente saudável e democrático. O relacionamento de militares com a juventude pode ser percebido com a violência com que os policiais tratam os estudantes que reivindicam melhorias em suas escolas. Violência gera violência e nós vivemos uma época fundamental para defendermos a paz. As escolas necessitam de segurança, mas para isso precisam ser respeitadas pela população, que deve enxergar na escola uma possibilidade de melhorai de vida de seus filhos. Somente a escola inclusiva, democrática, laica e com qualidade social pode ajudar a mudar o mundo e acabar com o preconceito, com a discriminação e principalmente com a ignorância. Como diz Paulo Freire, a “educação ou funciona como um instrumento que é usado para facilitar a integração das gerações na lógica do atual sistema e trazer conformidade com ele, ou ela se torna a ‘prática da liberdade’, o meio pelo qual homens e mulheres lidam de forma crítica com a realidade e descobrem como participar na transformação do seu mundo”. Tanto o ensino domiciliar e as escolas chamadas cívico-militares deturpam a necessidade de uma escola voltada para a preparação das crianças e adolescentes para a vida, o mundo profissional, para se transformarem em pessoas capazes de decidir o seu próprio destino.Francisca Rocha, é secretária de Assuntos Educacionais e Culturais do Sindicato dos Professores de Ensino Oficial do Estado de São Paulo (APEOESP), secretária de Saúde da Confederação Nacionaldo Trabalhadores na Educação (CNTE) e dirigente da Central dos Trabalhadores e das Trabalhadoras do Brasil (CTB-SP).
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