A aeronave oficial transportava um grupo de cerca de 40 jornalistas italianos que estavam indo para Herat, no Afeganistão, onde o ministro da Defesa, Lorenzo Guerini, participou de uma cerimônia simbólica para a saída das tropas após quase 20 anos de atuação.
Por Redação, com ANSA - de Roma
Os Emirados Árabes Unidos não autorizaram a entrada em seu espaço aéreo de um voo militar da Itália nesta terça-feira.
Jornalistas estavam em voo oficial para acompanhar cerimônia no Afeganistão
A aeronave oficial transportava um grupo de cerca de 40 jornalistas italianos que estavam indo para Herat, no Afeganistão, onde o ministro da Defesa, Lorenzo Guerini, participou de uma cerimônia simbólica para a saída das tropas após quase 20 anos de atuação.
Por conta da negativa, o Boeing 767 precisou pousar em Dammam, na Arábia Saudita, e partiu após algumas horas para Herat fazendo um outra rota, mais ao norte.
O incidente
Após o incidente, o ministro das Relações Exteriores da Itália, Luigi Di Maio, instruiu o secretário-geral da Farnesina, Ettore Segui, a convocar o embaixador da EAU em Roma, Omar Al-Shamsi, para manifestar a "surpresa" e o "forte desapontamento" pelo gesto.
A relação diplomática entre Itália e Emirados ficaram tensas após a decisão do governo italiano embargar a venda de armas para a EAU como uma resposta à participação dos emiradenses em bombardeios no Iêmen.
Cerimônia simbólica
A Itália realizou nesta terça-feira a cerimônia simbólica de retirada de sua bandeira na base de Camp Arena, em Herat, no Afeganistão. O evento, que contou com a presença do ministro do Interior, Lorenzo Guerini, marca também a aceleração da saída das tropas italianas do território afegão após cerca de 20 anos.
A operação de retirada dos homens e mulheres, eram 800 no início do ano, e dos equipamentos militares começou em maio e está sendo acelerada, devendo ser efetuada até a metade de julho. A ideia é estar em sintonia com os Estados Unidos, que devem concluir a saída até 11 de setembro.
A data escolhida pelo governo de Joe Biden é bastante simbólica, já que a ofensiva no território afegão contra os membros da Al Qaeda ocorreu após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001.
No longo combate, onde os italianos ficaram mais concentrados entre Herat e Cabul, 54 militares italianos perderam a vida e cerca de 700 ficaram feridos. A missão de guerra foi concluída em 2014 e, a partir de 2015, a Itália atuou com o objetivo de formar e ajudar as forças de segurança afegãs no âmbito do programa da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
– Não queremos que o Afeganistão volte a ser um local seguro para os terroristas. Queremos continuar a reforçar esse país dando também a continuidade do treinamento das forças afegãs para não perder os resultados obtidos em quase 20 anos – afirmou Guerini ao fim da cerimônia na base militar.
O ministro ainda destacou que parte da equipe civil afegã que ajudou o contingente italiano em Herat, bem como seus familiares, serão transferidos para a Itália a partir de junho.
– Não vamos abandonar o pessoal civil afegão que colaborou conosco em Herat e suas famílias: 270 já foram identificados e outros 400 estão sendo identificados – ressaltou Guerini destacando o temor de que essas pessoas sejam alvos de ações de grupos terroristas após a saída da Otan.
Nesta terça-feira, também houve o evento simbólico de retirada dos demais países da União Europeia e o alto representante europeu para a Política Externa, Josep Borrell, demonstrou preocupação, já que "o processo de paz estagnou e a violência continua: estamos perante a um número horrendo de vítimas civis, 40% das quais as mulheres e as crianças".
– A situação está evoluindo rapidamente a nível político, os talibãs controlam mais da metade do território e as perspectivas no curto prazo para um acordo de paz parecem distantes. A UE fará de tudo para apoiar o processo de paz e para permanecer um parceiro comprometido para o povo afegão – pontuou ainda.