Rio de Janeiro, 03 de Setembro de 2025

Em Veneza, cineasta afirma que filme sobre Gaza dá voz às vítimas

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Quarta, 03 de Setembro de 2025 às 14:53, por: CdB

Segundo a diretora, “é por isso que o cinema, a arte e todo tipo de expressão são muito importantes para dar voz e rosto a essas pessoas”.

Por Redação, com ANSA – de Veneza

A cineasta franco-tunisiana Kaouther Ben Hania, que apresentou no Festival de Cinema de Veneza um filme sobre a história real de uma menina palestina assassinada pelas forças israelenses enquanto tentava fugir da Cidade de Gaza, afirmou nesta quarta-feira que quer dar “voz e rosto” às vítimas do conflito.

Em Veneza, cineasta afirma que filme sobre Gaza dá voz às vítimas | Cineasta apresentou filme no Festival de Cinema de Veneza
Cineasta apresentou filme no Festival de Cinema de Veneza

– Vimos que a narrativa em todo o mundo é que aqueles que morrem em Gaza são danos colaterais, na mídia, e eu acho isso muito desumanizante – declarou Ben Hania a jornalistas antes da estreia mundial de The Voice of Hind Rajab (A voz de Hind Rajab, em português).

Segundo a diretora, “é por isso que o cinema, a arte e todo tipo de expressão são muito importantes para dar voz e rosto a essas pessoas”.

Gaza está em destaque no prestigiado evento em Veneza, depois que um grupo de cineastas e outras personalidades pediram aos organizadores do festival que condenassem a guerra e o “genocídio” com mais veemência.

Leão de Ouro

O filme de Ben Hania é um dos 21 na disputa pelo Leão de Ouro e conta a história real da menina que implorou aos serviços de emergência para resgatá-la depois que as forças israelenses mataram o restante de sua família em seu carro durante a evacuação de Gaza, em janeiro de 2024.

Hind implora por ajuda ao telefone porque ela é, entre outras coisas, a única sobrevivente no carro, que se escondeu sob o banco. Enquanto isso, os voluntários tentam manter contato com ela e, principalmente, chamar uma ambulância, mas infelizmente, sem sucesso. Tanto o veículo com os socorristas, que estava a caminho, quanto a menina foram atingidos.

A obra usa o áudio real das ligações telefônicas que Hind fez para o Crescente Vermelho. “Este filme foi muito importante para mim porque, quando ouvi a voz de Hind Rajab pela primeira vez, havia algo mais do que a voz dela”, declarou Ben Hania.

Para a cineasta, “era a própria voz de Gaza pedindo ajuda e ninguém podia entrar”. “Foi como uma espécie de desejo forte e o sentimento de raiva e impotência que deu origem a este filme”.

Por fim, Ben Hania, que foi a primeira cineasta a representar a Tunísia no Oscar de 2021, ressaltou que “um filme como este precisava ser feito porque, com muita frequência, as notícias nos lembram de eventos que esquecemos e, às vezes, nos fazem ver um mundo ao qual foi negado o poder de falar”.

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