Rio de Janeiro, 07 de Setembro de 2025

Dívida francesa bate no teto e desestabiliza premiê de direita

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Sábado, 06 de Setembro de 2025 às 14:49, por: CdB

A incerteza paira sobre a possibilidade de novas eleições, como exige o partido de ultradireita Reunião Nacional (RN), e a capacidade de o presidente francês, Emmanuel Macron, conseguir formar um novo governo minoritário.

Por Redação, com DW – de Paris

Sem maioria para colocar em prática seus planos de controlar a dívida pública francesa por meio de cortes no Orçamento, o primeiro-ministro François Bayrou tende a perder a votação de confiança marcada para segunda-feira no Parlamento – o mesmo ocorreu em dezembro de 2024, quando o governo do conservador Michel Barnier, que havia assumido o cargo há menos de 100 dias, foi derrubado. Praticamente ninguém duvida disso, ao mesmo tempo em que não se sabe o que acontecerá na sequência.

Dívida francesa bate no teto e desestabiliza premiê de direita | O tempo anda carregado para a economia francesa
O tempo anda carregado para a economia francesa

A incerteza paira sobre a possibilidade de novas eleições, como exige o partido de ultradireita Reunião Nacional (RN), e a capacidade de o presidente francês, Emmanuel Macron, conseguir formar um novo governo minoritário.

Os motivos de tudo isso são econômicos: nenhum outro país da União Europeia (UE) está tão endividado em termos absolutos quanto a França. A dívida pública já ultrapassou os 3,35 trilhões de euros, o que corresponde a cerca de 114% do produto interno bruto (PIB). E a taxa de endividamento continua aumentando: especialistas estimam que ela poderá chegar a mais de 125% do PIB até 2030.

A França está tão endividada que, na UE, é superada neste ponto apenas por Grécia e Itália. O país também é responsável pelo maior déficit fiscal do bloco, com um valor entre 5,4% e 5,8% do PIB.

 

Títulos

Para atingir a meta de 3% de déficit exigida pela UE, é preciso economizar drasticamente. E como isso não é politicamente viável, os mercados financeiros reagem com sobretaxas de risco sobre os títulos da dívida pública francesa.

Mas, segundo o economista Friedrich Heinemann, do Centro Leibniz de Pesquisa Econômica Europeia (ZEW), sediado em Mannheim, Alemanha, é razoável se preocupar com o euro se as finanças da segunda maior economia da UE estão fora de controle.

— Sim, devemos nos preocupar. A zona do euro não está estável no momento. Não estou preocupado com uma nova crise da dívida a curto prazo, nos próximos meses. Mas é claro que é preciso questionar até onde isso vai, caso um grande país como a França, que já teve um índice de endividamento em constante aumento nos últimos anos, também continuar a se desestabilizar politicamente — ressalta.

 

Mercados

Vários outros países também estão acumulando dívidas históricas e precisam obter bilhões nos mercados de capitais. No outono europeu, nos próximos meses, grandes potências econômicas, como Alemanha, Japão e Estados Unidos, lançam títulos da dívida, e isso também é um motivo para os mercados estarem extremamente tensos.

— O fato de esses mercados não estarem ainda mais nervosos, ou seja, de os spreads para a França não estarem subindo ainda mais, sem dúvidas, se deve principalmente à esperança de que o Banco Central Europeu (BCE) compre títulos do governo francês para estabilizar a situação. Mas essa esperança pode ser enganosa, pois o BCE precisa tomar cuidado para não prejudicar sua credibilidade nesse ponto — resumiu Heinemann.

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