As recentes pesquisas divulgadas pelo Instituto Datafolha esta semana demonstram que o difícil momento em que o Brasil se encontra, marcado pelas crises sanitária, econômica e política, afetam diretamente a popularidade e a aprovação do governo Bolsonaro.
Por Wadson Ribeiro – de Brasília
As recentes pesquisas divulgadas pelo Instituto Datafolha esta semana demonstram que o difícil momento em que o Brasil se encontra, marcado pelas crises sanitária, econômica e política, afetam diretamente a popularidade e a aprovação do governo Bolsonaro. Aliado a isso, o retorno do ex-presidente Lula ao cenário eleitoral, se transforma em um verdadeiro pesadelo para as pretensões eleitorais do atual presidente. Ainda há um longo caminho até 2022, mas Bolsonaro parece derreter frente à ineficiência de seu governo e sua reeleição, antes com maiores possibilidades, parece hoje ameaçada.A pobreza voltou a crescer
Em outro terreno, o da economia, o país também vai mal e não dá sinais de melhoras. A pobreza voltou a crescer nas periferias das grandes cidades e no Brasil profundo. O desemprego alcançou a marca histórica de 14,2% no último trimestre, com 14,3 milhões de brasileiros desempregados, dado que se torna ainda mais estarrecedor se somado aos milhões que trabalham na informalidade ou que desistiram de procurar emprego. O PIB em 2020 teve a maior queda em trinta anos, registrando um crescimento negativo de -4,1%. As indústrias têm fechado as portas e algumas multinacionais deixaram o país. Nenhuma reforma estruturante para retomar a economia tem sido pensada. O Orçamento de 2021 sancionado pelo governo é uma peça de ficção que vai aprofundar ainda mais a crise econômica e a miséria no país. Bolsonaro age o tempo todo na ofensiva e quando acuado estimula o ódio, convoca manifestações e ataca as instituições. Faz isso de forma pensada e por isso apresenta resiliência, mantendo uma fatia do eleitorado que hoje o colocaria no segundo turno. No entanto, as pesquisas eleitorais podem fazer o Centrão pular do barco e, assim como apoiam Bolsonaro pelas benesses que recebem, amanhã poderão apoiar quem tiver mais chances reais de vitória. Ainda não está totalmente descartada a viabilidade de uma candidatura de centro, que poderia ter o apoio de setores da direita liberal e de partidos de centro-esquerda, situação que, a depender do desempenho do governo, poderia tirar Bolsonaro do segundo turno, fazendo com que ele saia pela porta dos fundos do Palácio do Planalto. As pesquisas traduzem o sentimento de momento e podem mudar daqui para o próximo ano, portanto, o mais importante não são apenas os números, mas sim um ambiente político qualitativamente novo no país, em que Bolsonaro, pela primeira vez, encontra-se nas cordas do ringue, com uma rejeição muito maior do que sua aprovação. A CPI da Covid-19 e os fatos que serão revelados por ela, alinhada às manifestações da sociedade que começam a se articular, poderão derrotar Bolsonaro e abrir um novo caminho de esperanças para o Brasil.Wadson Ribeiro, é presidente do PCdoB-MG, foi presidente da UNE, da UJS e secretário de Estado.
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