O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), na justificativa do requerimento de convocação do mandatário, afirma que “a cada depoimento e a cada documento recebido, torna-se mais cristalino que o Presidente da República teve participação direta ou indireta nos graves fatos questionados por esta CPI”.
Por Redação - de Brasília
Vice-presidente da CPI da Covid, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) causou incômodo entre os governistas ao protocolar, nesta quarta-feira, um requerimento para a convocação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para prestar depoimento sobre suas ações, durante a pandemia. O pedido não foi votado, uma vez que o presidente da Comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM) o retirou de pauta.
Rodrigues, na justificativa do requerimento de convocação do mandatário, afirma que “a cada depoimento e a cada documento recebido, torna-se mais cristalino que o Presidente da República teve participação direta ou indireta nos graves fatos questionados por esta CPI”. Ainda nesta quarta-feira, a CPI da Pandemia aprovou os convites para depoimentos de nove governadores; além de uma nova convocação ao ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello.
— Não estamos fugindo da CPI, só estamos fazendo aquilo que um dos requerimentos da CPI nos manda fazer. Há um requerimento assinado por 45 senadores que pede para que a gente investigue recursos do governo federal que foram enviados aos Estados — afirmou Aziz.
Recursos
Nos depoimentos prestados à CPI da Covid, até agora, os depoentes buscaram blindar as omissões e os erros do presidente Bolsonaro. Eduardo Pazuello, em suas respostas aos senadores, disse que o mandatário participou de reuniões que decisão pela não intervenção federal em Manaus.
Por solicitação da base governista, os parlamentares também aprovaram a convocação de nove governadores, além do ex-governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel (PSC). Os mandatários estaduais serão chamados para explicar como foram usados os recursos repassados pelo governo federal e do ministro Marcelo Queiroga.
Os nove governadores convocados são: Wilson Lima (PSC), do Amazonas; Helder Barbalho (MDB), do Pará; Ibaneis Rocha (MDB), do Distrito Federal; Mauro Carlesse (PSL), de Tocantins; Carlos Moises (PSL), de Santa Catarina; Antonio Oliverio Garcia de Almeida (PSL), de Roraima; Waldez Góes (PDT), do Amapá; Wellington Dias (PT), do Piauí; e Marcos José Rocha dos Santos (PSL), de Rondônia.
Especialistas
Já o retorno de Pazuello ocorre após a participação do general da ativa em ato público a favor de Jair Bolsonaro no Rio de Janeiro, neste último domingo – dois dias depois de prestar depoimento à CPI e se dizer contrário às aglomerações.
— Após declarar, por exemplo, que sempre foi favorável ao uso de máscaras e ao isolamento social, o general da ativa decidiu participar de manifestação convocada pelo presidente sem as devidas precauções diante da pandemia que assola a população brasileira, fomentando atitudes que colocam a vidas das pessoas em risco. Essas e outras mentiras precisam ser esclarecidas — disse o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) à TV Senado.
A CPI da Covid também realizará duas reuniões para debater os tratamentos contra a covid-19 com drogas sem eficácia comprovada, como a cloroquina. Os parlamentares deverão ouvir quatro especialistas, dois a favor e dois contra o procedimento.
Outros convocados
Integrantes e ex-integrantes do governo, além de empresários, também foram convocados para prestar depoimentos à CPI da Covid. Arthur Weintraub, ex-assessor do presidente da República e conhecido como o ‘Guru da Cloroquina’ de Bolsonaro, é um deles. Filipe Martins, atual assessor do presidente, que esteve presente na negociação da vacina Pfizer, Airton Cascavel, ex-assessor especial do Ministério da Saúde, e o marqueteiro da gestão Pazuello Marquinhos Show também foram convocados.
A ex-secretária de Enfrentamento à Covid-19 Luana Araújo, que deixou o cargo 10 dias após ser nomeada por pressão do governo federal, foi um dos nomes aprovados pelos senadores. Os empresários Carlos Wizard Martins, que assessorou informalmente Eduardo Pazuello, e Paulo Baraúna, diretor da empresa de oxigênios White Martins, também prestarão depoimento.
O senador Marcos Rogério (DEM-RO) tentou colocar em prática a proposta do colega Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente, e pediu a convocação do pastor Silas Malafaia após Flávio dizer que é o pastor quem aconselha o presidente Bolsonaro. O presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), negou o pedido.