Rio de Janeiro, 01 de Setembro de 2025

Ciro Gomes fecha questão contra PEC e suspende candidatura

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Quinta, 04 de Novembro de 2021 às 12:39, por: CdB

“A mim só me resta um caminho: deixar a minha pré-candidatura em suspenso até que a bancada do meu partido reavalie sua posição. Temos um instrumento definitivo nas mãos, que é a votação em segundo turno, para reverter a decisão e voltarmos ao rumo certo”, escreveu, no Twitter.

Por Redação - de Brasília
O presidenciável Ciro Gomes (PDT) decidiu, nesta quinta-feira, suspender a pré-candidatura à Presidência da República, após a bancada pedetista votar favoravelmente à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios. O anúncio ocorreu nas primeiras horas da manhã, por meio das redes sociais.
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Ciro Gomes encontra uma forma de sair do cenário político, ao suspender sua candidatura ao Planalto
Ciro Gomes demonstrou-se surpreso após o partido votar com o governo do presidente Jair Bolsonaro e anunciou a suspensão da candidatura até o segundo turno da votação da PEC. “A mim só me resta um caminho: deixar a minha pré-candidatura em suspenso até que a bancada do meu partido reavalie sua posição. Temos um instrumento definitivo nas mãos, que é a votação em segundo turno, para reverter a decisão e voltarmos ao rumo certo”, escreveu, no Twitter.

Farsa e erros

A PEC dos Precatórios libera R$ 90 bilhões para Jair Bolsonaro gastar em ano eleitoral. A proposta limita o valor de despesas anuais com precatórios, corrige seus valores exclusivamente pela Taxa Selic e muda a forma de calcular o teto de gastos. O texto obteve 312 votos favoráveis e 144 contrários. “Não podemos compactuar com a farsa e os erros bolsonaristas. Justiça social e defesa dos mais pobres não podem ser confundidas com corrupção, clientelismo grosseiro, erros administrativos graves, desvios de verbas, calotes, quebra de contratos e com abalos ao arcabouço constitucional”, acrescentou Ciro, em uma crítica direta à bancada pedetista. A PEC dos Precatórios viabiliza o lançamento do programa Auxílio Brasil de R$ 400, com o qual o governo Bolsonaro pretende substituir o Bolsa Família. Mas o texto precisa passar ainda por um segundo turno de votação na Câmara antes de ir para o Senado. Deputados da base bolsonarista e do chamado ‘Centrão’ exigiram mais recursos em emendas para garantir o quórum.

Reeleição

Dos 21 votos que o PDT tem na Câmara dos Deputados, 15 foram favoráveis à PEC dos Precatórios, que beneficia o governo. A proposta foi aprovada por 312 votos, quatro a mais do que o necessário. Caso a bancada pedetista altere a tendência de apoio à medida, o risco de uma nova derrota de Bolsonaro é iminente, na Casa. Nas redes, o partido foi bastante criticado pela ala da oposição. “Em 2018, três dos quatro candidatos do PDT a governador que foram para o segundo turno declararam voto em Bolsonaro.”, escreveu o ex-prefeito Fernando Haddad (PT). De acordo com o texto aprovado, que vem sendo chamado de PEC do calote dos precatórios, os pagamentos das dívidas da União relativas ao antigo Fundef deverão ser quitados com prioridade em três anos: 40% no primeiro ano e 30% em cada um dos dois anos seguintes. Essa prioridade não valerá apenas contra os pagamentos para idosos, pessoas com deficiência e portadores de doença grave.

Apoio externo

A iniciativa de Ciro Gomes (PDT) de suspender sua candidatura em função de seu partido ter sido a peça fundamental para aprovar a PEC dos Precatórios na Câmara dará força para derrubar “o projeto na continuidade de sua tramitação”, segundo o deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP). “A firme e corajosa negativa de @cirogomes à PEC do Calote contribui imensamente para derrotar o projeto. Além disso, pode inspirar outros presidenciáveis a se engajarem pela reversão de votos. Se acontecer, viraremos o jogo, mais uma vez apostando na frente ampla antibolsonaro”, repercutiu o deputado, no Twitter, ainda pela manhã. Ao longo do dia, o presidenciável e seu partido têm sido alvos de críticas, uma vez que quatro dos cinco deputados do PDT eleitos no Ceará, Estado da família Gomes, votaram “sim”. Nas redes, jornalistas, políticos, analistas e influenciadores foram críticos à posição do PDT.

Estrago

Haddad afirmou, ainda, que o partido de Ciro pode ter viabilizado a reeleição de Jair Bolsonaro à Presidência da República. “Hoje, o partido assinou um cheque de R$ 90 bi para viabilizar sua reeleição. Não sei se tem conserto. Estrago monumental”, acrescentou Haddad, ao lembrar o alinhamento do PDT com o atual governo. O deputado federal José Guimarães (PT-CE) também foi crítico à postura dos colegas pedetistas. “Após um dia de tanto trabalho, ver o PDT votando com o governo é uma decepção sem fim. A Câmara vai dar ao Bolsonaro R$ 90 bilhões pra ele gastar de forma secreta, enquanto deixa mais de 23 milhões de brasileiros passando fome. Esse governo é um genocida e quem o apoia pior ainda”, concluiu.
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