Rio de Janeiro, 17 de Junho de 2025

Cientistas descobrem segredo da proteção de crianças contra covid-19

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Terça, 24 de Agosto de 2021 às 09:20, por: CdB

Os pesquisadores explicam que, para combater o vírus rapidamente, os chamados receptores de reconhecimento padrão devem ser ativados. Este sistema é mais ativo em células do trato respiratório superior infantil e em determinadas células do sistema imunológico das crianças do que nos adultos.

Por Redação, com Sputnik - de Berlim/Washington

O sistema imunológico de uma criança parece estar mais preparado para a covid-19 do que o dos adultos porque as células em seu trato respiratório superior estão em alerta máximo constante.
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Pesquisadores descobrem segredo da proteção de crianças contra covid-19
Os cientistas pegaram algumas células da mucosa nasal de 42 crianças saudáveis e infectadas e de 44 adultos. Eles analisaram, entre outras coisas, a atividade de certos genes nas células individuais. – Queríamos entender por que a defesa contra o vírus aparentemente funciona muito melhor em crianças do que em adultos – explicou Irina Lehmann, a chefe do grupo de Epidemiologia Molecular no Instituto de Saúde de Berlim no Hospital Charité. Os pesquisadores explicam que, para combater o vírus rapidamente, os chamados receptores de reconhecimento padrão devem ser ativados. Este sistema é mais ativo em células do trato respiratório superior infantil e em determinadas células do sistema imunológico das crianças do que nos adultos. Se o vírus infetar a célula, o corpo produz interferons, que começam a combater a infecção. O sistema de alerta precoce dos adultos não reage tão rápido, o vírus não é combatido de forma eficaz e pode propagar-se pelo corpo. Em caso de infecção, as crianças podem combater rapidamente o vírus antes que ele se multiplique maciçamente. Esta descoberta provavelmente explica por que as crianças têm muito menos chances de ter a covid-19 grave. – Aprendemos com este estudo que existem, obviamente, não só fatores de risco para casos graves da covid-19, mas também fatores de proteção – segundo Lehmann. Os cientistas afirmam que os resultados do estudo abrem caminho para mais pesquisas para descobrir se os pesquisadores podem estimular preventivamente uma resposta imune em pacientes em situação de risco para fornecer-lhes um nível similar de proteção como têm as crianças expostas ao vírus.

Diferentes cepas

A descoberta pode contribuir para o desenvolvimento de terapias combinadas baseadas em anticorpos que seriam eficazes independentemente das novas mutações.
Cientistas da Escola de Medicina da Universidade de Washington identificaram um anticorpo que, segundo eles, é altamente protetor contra uma ampla gama de variantes do SARS-CoV-2. O vírus utiliza a proteína de espícula para aderir às células das vias respiratórias do organismo e invadi-las, enquanto que os anticorpos que impedem que a espícula adira às células neutralizam o vírus. Para encontrar anticorpos neutralizantes que funcionem contra as diferentes variantes, os cientistas imunizaram ratos com uma parte importante da proteína de espícula, extraindo as células produtoras de anticorpos, e obtiveram delas 43 anticorpos que reconhecem estas partes da proteína. Posteriormente, analisaram os 43 anticorpos estimando sua capacidade para impedir que a variante original do SARS-CoV-2 infecte as células em uma placa de Petri. Foram testados nove dos anticorpos neutralizantes mais potentes em ratos para observar se poderiam proteger da doença os animais infectados com a variante original do coronavírus. Os cientistas selecionaram os dois anticorpos mais eficazes e testaram contra outras variantes, que incluíam vírus com proteínas de espícula que representavam as variantes Alfa, Beta, Gama, Delta, Kappa e Iota e outras diversas variantes sem denominação. Um anticorpo, o SARS2-38, neutralizou facilmente todas as variantes. – Este anticorpo é altamente neutralizante (ou seja, funciona muito bem com baixas concentrações) e amplamente neutralizante (ou seja, funciona contra todas as variantes) –afirmou o autor principal do estudo, doutor Michael S. Diamond. – Trata-se de uma combinação incomum e muito desejável para um anticorpo. Além disso, une-se a um ponto único da proteína de espícula ao que não se dirigem outros anticorpos em desenvolvimento. Isso é excelente para a terapia combinada. Poderíamos começar a pensar combinar este anticorpo com outro que se una em outro lugar para criar uma terapia combinada à qual o vírus dificilmente poderia resistir – adicionou. A descoberta foi publicada na revista Immunity e poderia ser um passo para o desenvolvimento de novas terapias baseadas em anticorpos que tenham menos probabilidades de perder sua potência à medida que surjam novas mutações.
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