Os pesquisadores explicam que, para combater o vírus rapidamente, os chamados receptores de reconhecimento padrão devem ser ativados. Este sistema é mais ativo em células do trato respiratório superior infantil e em determinadas células do sistema imunológico das crianças do que nos adultos.
Por Redação, com Sputnik - de Berlim/Washington
O sistema imunológico de uma criança parece estar mais preparado para a covid-19 do que o dos adultos porque as células em seu trato respiratório superior estão em alerta máximo constante.
Diferentes cepas
A descoberta pode contribuir para o desenvolvimento de terapias combinadas baseadas em anticorpos que seriam eficazes independentemente das novas mutações.
Cientistas da Escola de Medicina da Universidade de Washington identificaram um anticorpo que, segundo eles, é altamente protetor contra uma ampla gama de variantes do SARS-CoV-2.
O vírus utiliza a proteína de espícula para aderir às células das vias respiratórias do organismo e invadi-las, enquanto que os anticorpos que impedem que a espícula adira às células neutralizam o vírus.
Para encontrar anticorpos neutralizantes que funcionem contra as diferentes variantes, os cientistas imunizaram ratos com uma parte importante da proteína de espícula, extraindo as células produtoras de anticorpos, e obtiveram delas 43 anticorpos que reconhecem estas partes da proteína.
Posteriormente, analisaram os 43 anticorpos estimando sua capacidade para impedir que a variante original do SARS-CoV-2 infecte as células em uma placa de Petri.
Foram testados nove dos anticorpos neutralizantes mais potentes em ratos para observar se poderiam proteger da doença os animais infectados com a variante original do coronavírus.
Os cientistas selecionaram os dois anticorpos mais eficazes e testaram contra outras variantes, que incluíam vírus com proteínas de espícula que representavam as variantes Alfa, Beta, Gama, Delta, Kappa e Iota e outras diversas variantes sem denominação. Um anticorpo, o SARS2-38, neutralizou facilmente todas as variantes.
– Este anticorpo é altamente neutralizante (ou seja, funciona muito bem com baixas concentrações) e amplamente neutralizante (ou seja, funciona contra todas as variantes) –afirmou o autor principal do estudo, doutor Michael S. Diamond.
– Trata-se de uma combinação incomum e muito desejável para um anticorpo. Além disso, une-se a um ponto único da proteína de espícula ao que não se dirigem outros anticorpos em desenvolvimento. Isso é excelente para a terapia combinada. Poderíamos começar a pensar combinar este anticorpo com outro que se una em outro lugar para criar uma terapia combinada à qual o vírus dificilmente poderia resistir – adicionou.
A descoberta foi publicada na revista Immunity e poderia ser um passo para o desenvolvimento de novas terapias baseadas em anticorpos que tenham menos probabilidades de perder sua potência à medida que surjam novas mutações.