Rio de Janeiro, 31 de Maio de 2025

Busca de empresas por crédito declina, em face dos juros altos

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Quinta, 22 de Maio de 2025 às 21:16, por: CdB

Ela ressalta que o fato de uma empresa buscar crédito, ou seja, contrair dívidas, pode ser uma alavanca poderosa para investimento, pelo fato de que pode viabilizar projetos e também expansão de operações.

 

Por Redação, com ABr – de Brasília

A busca das empresas brasileiras por crédito cresceu 0,9% em março de 2025 em relação ao mesmo mês de 2024. Apesar da alta, o número é menor do que o de meses anteriores, o que indica precaução das companhias em um cenário de juros altos. O dado faz parte do Indicador de Demanda das Empresas por Crédito, da Serasa Experian.

Busca de empresas por crédito declina, em face dos juros altos | A alta dos juros têm levado cada vez mais brasileiros à inadimplência
A alta dos juros têm levado cada vez mais brasileiros à inadimplência

O resultado de março é a quarta expansão seguida na procura por crédito na comparação com o mesmo período do ano anterior: março 2025: 0,9%; fevereiro 2025: 13,1%; janeiro 2025: 11,3% e dezembro 2024: 5,1% No acumulado de 12 meses até março, a procura por crédito cresceu 4,2%. Em janeiro, o resultado era expansão de 2,9% e, em fevereiro, 3,9%.

 

Relação

De acordo com a economista da Serasa Experian, Camila Abdelmalack, a desaceleração em março tem relação direta com o patamar alto de juros no país.

— O ritmo mais moderado na demanda por crédito em março reflete um cenário de cautela por parte das empresas diante desafios como o custo elevado do crédito e as incertezas econômicas provocadas pelo ambiente de juros elevado — afirmou, a jornalistas.

Ela ressalta que o fato de uma empresa buscar crédito, ou seja, contrair dívidas, pode ser uma alavanca poderosa para investimento, pelo fato de que pode viabilizar projetos e também expansão de operações.

“O crédito acaba permitindo que esses investimentos aconteçam de forma antecipada e contribua positivamente para acelerar o crescimento das empresas”, aponta.

 

Inflação

Desde setembro do ano passado, o Comitê de Política Monetária (Copom)do Banco Central (BC) tem elevado a Selic, taxa básica de juros da economia. De lá até maio, os juros passaram de 10,5% ao ano para 14,75% ao ano.

Por ser a taxa básica de juros, a Selic pode ser entendida como o custo dos bancos para captarem dinheiro. Dessa forma, o comportamento da Selic influencia outras taxas, como a dos empréstimos fornecidos pelas instituições financeiras.

A justificativa do Copom para aumentar a Selic ao longo dos últimos meses é o combate à inflação, uma vez que aumentar o custo do dinheiro desestimula o consumo das famílias, esfriando a economia, de forma que os preços recuem ou subam menos. De acordo com o BC, o efeito da Selic na inflação leva de seis a nove meses para se tornar significativo.

 

Incertezas

Em abril – dado mais recente – o acumulado de 12 meses da inflação oficial, apurada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é de 5,53%, acima da meta do governo de 3%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.

Uma consequência da política monetária restritiva (juros altos) é que empresas ficam menos propensa a pegar empréstimos para investir.

Para a economista da Serasa Experian, a oscilação dos últimos meses, com momentos de baixa na procura e de alta, mesmo com juros altos, envolve bastante incerteza econômica em relação ao cenário prospectivo (busca por recursos), ao tamanho da desaceleração da economia, a como a taxa de juros pode impactar o consumo do brasileiro por bens e serviços.

— Existem muitas incertezas no cenário econômico que acabam justificando essa volatilidade de uma demanda às vezes um pouco mais forte, às vezes um pouco mais fraca e a demanda não necessariamente sofre uma contração porque muitas empresas, especialmente as micro e pequenas, acabam buscando o crédito como apoio para enfrentar esses momentos — concluiu.

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