O mandatário também naufraga em novas ações judiciais, à medida que avançam as investigações da CPI da Covid. Novos personagens aparecem ligados a negociações suspeitas envolvendo a compra de vacinas e a venda de cloroquina e outros remédios propagandeados por Jair Bolsonaro.
Por Redação - de Brasília
O Ministério Público Eleitoral (MPE) manifestou-se, nesta quinta-feira, pela parcial procedência de uma representação contra Jair Bolsonaro por propaganda eleitoral antecipada. Em discurso durante visita ao Maranhão no dia 21 de maio, o ocupante do Palácio do Planalto atacou adversários nas eleições de 2022.
Bolsonaro disse, à época, que para o ano que vem já havia uma chapa formada:
— O ladrão candidato a presidente e um vagabundo como vice.
MPE concorda que Bolsonaro ofendeu a honra de Lula, seu principal opositor na disputa eleitoral do próximo ano, e sugere a condenação de Bolsonaro à sanção de multa.
Montezano
O mandatário também naufraga em novas ações judiciais, à medida que avançam as investigações da CPI da Covid. Novos personagens aparecem ligados a negociações suspeitas envolvendo a compra de vacinas e a venda de cloroquina e outros remédios propagandeados por Jair Bolsonaro. Um dos pontos que certamente será detalhado é a ligação entre a família Bolsonaro, empresas farmacêuticas e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Agora, já é possível traçar um elo entre esses três elementos. Em primeiro lugar, é preciso saber quem é Gustavo Montezano, “presidente do BNDES. Banqueiro e baladeiro, Montezano é amigo de infância de Flávio e Eduardo Bolsonaro, filhos do atual presidente da República. Os três se conheceram ainda meninos, quando moravam no mesmo condomínio, no Rio de Janeiro, e a amizade perdurou, como mostra reportagem do iG sobre uma festa de arromba no apartamento de Montezano, em 2015, que acabou virando caso de polícia. Eduardo estava lá”, publica o site oficial do Partido dos Trabalhadores (PT).
“Em julho de 2019, Montezano se tornou presidente do BNDES, para a felicidade explícita de Jair Bolsonaro, que era só sorrisos no evento de posse, como mostrou o Correio Braziliense à época. Pouco mais de um ano depois, o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) ligou para o antigo amigo e pediu que ele recebesse um empresário chamado Francisco Maximiano, o que de fato acabou ocorrendo em 13 de outubro de 2020, relatou a revista Veja. Maximiano é ninguém mais, ninguém menos que o sócio da Precisa Medicamentos, a empresa que negociou a venda da vacina indiana Covaxin ao Ministério da Saúde, que se revelou um bilionário esquema de corrupção”, acrescenta o texto.
Apsen e EMS
Ainda de acordo com a legenda, “embora Flávio Bolsonaro se defenda dizendo que o encontro era apenas para discutir uma boa ideia sobre internet, ele não pode negar que aproveitou a relação pessoal com o presidente do BNDES para abrir as portas do banco a um empresário diretamente ligado ao escândalo da Covaxin. E mais: que a Precisa Medicamentos viu seus negócios com o governo federal crescer 6.000% durante o governo Bolsonaro”.
Este também não é o único caso envolvendo os Bolsonaros, empresas farmacêuticas e o BNDES. Duas empresas que Jair Bolsonaro ajudou a conseguir mais insumos para que fabricassem cloroquina e ganhassem muito dinheiro — a Apsen e a EMS — também foram beneficiadas com empréstimos do banco.
Ano passado, a Apsen assinou dois empréstimos com o BNDES. Juntos, os financiamentos somam R$ 153 milhões, dos quais R$ 20 milhões já foram liberados. O montante é sete vezes maior do que o crédito obtido pela empresa nos 16 anos anteriores somados. O presidente da companhia é Renato Spallicci, que fez campanha para Bolsonaro em 2018 e até hoje faz apaixonada defesa dele nas redes sociais.