Em abril do ano passado, o Basa comprou R$ 25 milhões em letras financeiras do Master — um tipo de título que não tem a garantia do Fundo Garantidor de Crédito (FGC).
Por Redação – de Brasília
Controlado pelo governo, o Banco da Amazônia (Basa) realizou dois investimentos no Banco Master, ano passado, que somaram cerca de R$ 40 milhões. Na época, a instituição já fazia ofertas agressivas de CDBs, a taxas muito acima das praticadas no mercado financeiro, o que a colocou no centro das atenções do Banco Central (BC).

Em abril do ano passado, o Basa comprou R$ 25 milhões em letras financeiras do Master — um tipo de título que não tem a garantia do Fundo Garantidor de Crédito (FGC). Dois meses depois, em junho, a operação se repetiu e o Basa comprou outro lote de papéis semelhantes, no valor de R$ 15 milhões.
Procurado pela reportagem do diário conservador paulistano O Estado de S. Paulo (OESP), nesta manhã, o banco informou que as operações com o Master somaram R$ 39 milhões e que “o processo de aprovação seguiu todas as políticas e normas do Banco da Amazônia e está alinhada com o Plano de Aplicação dos recursos da Tesouraria, tendo sido validado pelas áreas técnicas e aprovado por todas as instâncias colegiadas do Banco da Amazônia”. O Banco Master optou por não comentar as operações.
Horizonte
As aquisições chamaram a atenção porque não era comum o banco estatal investir em títulos de maior risco, com rating inferior a A, sem a garantia do FGC. Na ocasião, o Banco Master era classificado como BBB pela agência Fitch.
Em meio às negociações de venda de parte do Master para o Banco Regional de Brasília (BRB), banco do Distrito Federal controlados também pelo governo, não se sabe com quem vai ficar o compromisso de honrar o investimento feito pelo Basa no futuro. Os títulos têm vencimento no horizonte dos próximos dois anos.
O BRB tem dito que, após uma auditoria em curso, selecionará os ativos do Master que pretende incorporar e só pretende ficar com o que o classifica como “good bank”. A parte que sobrar ainda é objeto de interrogação, com a negociação envolvendo os maiores bancos privados do país e a autoridade monetária uma vez que o FGC, que é controlado pelo setor bancário privado, pode ser chamado a honrar compromissos com a cobertura do fundo.
Crédito
O Basa é presidido por Luiz Moreira Lessa. A indicação dele é atribuída ao senador Eduardo Braga (MDB-AM). Procurado pelo OESP, Braga também não se manifestou.
O caso, no entanto, já havia sido alvo de pronunciamento de um integtante da base aliada ao governo, no Parlamento. O senador Sérgio Petecão (PSD-AC), integrante da ala governista do partido dirigido pelo político paulista Gilberto Kassab, usou a tribuna do Senado, na semana passada, para denunciar a Presidência do Basa, a maior instituição de crédito do desenvolvimento regional.
De acordo com o senador, cuja condição de governista o permitiu indicar a maioria dos cargos de órgãos federais no Acre, as denúncias se baseiam em informações de servidores da instituição.