A congressista estadual democrata Melissa Hortman e seu marido foram mortos a tiros no último sábado em Minnesota. Polícia suspeita de motivação política.
Por Redação, com CartaCapital – de Washington
O homem acusado pelo assassinato da congressista estadual democrata Melissa Hortman e de seu marido em Minnesota foi detido na noite de domingo “sem o uso da força”, informaram as autoridades do estado da região norte dos Estados Unidos.

– O suspeito foi detido sem uso da força – declarou em uma entrevista Jeremy Geiger, coronel da polícia estadual.
A detenção aconteceu na localidade de Green Isle, a mais de uma hora ao oeste de Minneapolis, após mais de 40 horas de busca.
As autoridades haviam oferecido uma recompensa de até US$ 50 mil (R$ 278 mil) por qualquer informação que permitisse a captura de Vance Boelter, acusado de matar a tiros Melissa Hortman e seu marido no sábado, assim como de ferir gravemente o senador estadual John Hoffman e sua esposa, em dois subúrbios de Minneapolis.
O duplo atentado abalou a classe política de todo o país, em um momento de alta tensão devido às políticas do presidente republicano, Donald Trump.
Na madrugada de sábado, Boelter supostamente seguiu até as casas de Hoffman e Hortman. Em uma foto compartilhada pelas autoridades, Boelter aparece com um uniforme policial e o que parece ser uma máscara de látex, tocando a campainha de uma residência.
A esposa de Hoffman, Yvette, disse no domingo que o marido estava “passando por muitas cirurgias” após o ataque, mas que “a cada hora está mais perto de sair do perigo”, segundo uma mensagem de texto compartilhada na rede social X pela senadora Amy Klobuchar.
O legislador recebeu nove tiros e sua parceira oito, segundo a mensagem.
“Manifesto”
Boelter aparece no site da empresa de segurança privada Praetorian Guards Security Services como diretor de patrulhas da companhia.
David Carlson, colega de moradia de Boelter, declarou à emissora local KARE que, antes dos ataques, recebeu uma mensagem de texto do foragido informando que se ausentaria por um tempo e que talvez morresse em breve.
O suspeito fugiu a pé após uma troca de tiros com a polícia nas proximidades da residência de Hortman, onde deixou um veículo. No automóvel, as autoridades encontraram um caderno com os nomes de outros legisladores e possíveis alvos.
Drew Evans, diretor do Departamento de Detenção Criminal de Minnesota, não era um “manifesto tradicional”.
– Estou preocupada com todos os nossos líderes políticos e organizações políticas – afirmou a senadora Klobuchar. “Havia um vínculo com o aborto devido aos grupos” que aparecem na lista, incluindo clínicas de aborto, segundo a imprensa, encontrada no veículo do suspeito, acrescentou em uma entrevista ao canal NBC.
Hortman, de 55 anos e mãe de dois filhos, foi presidente da Câmara dos Representantes de Minnesota e fez do direito ao aborto sua grande prioridade.
“Reduzir a tensão”
Os Estados Unidos estão profundamente divididos politicamente no início do segundo mandato de Trump, que aplica políticas de linha dura e insulta com frequência os opositores.
Trump, que sobreviveu a uma tentativa de assassinato durante um comício de campanha em julho passado na Pensilvânia, condenou os ataques, mas aproveitou a tragédia para lançar uma crítica ao governador de Minnesota, Tim Walz, candidato democrata à vice-presidência nas eleições de novembro.
Questionado na manhã deste domingo sobre os ataques e se pretendia conversar com Walz, respondeu: “É terrível. Acho que ele é um governador muito ruim, alguém completamente incompetente. Mas poderia ligar para ele, assim como poderia ligar para outras pessoas”.
Walz ordenou anteriormente que as bandeiras fossem hasteadas a meio mastro, diante do que descreveu como “um ato de violência política seletiva”, em um país cada vez mais dividido.
– Precisamos reduzir a tensão política – insistiu a senadora Amy Klobuchar.