Rio de Janeiro, 17 de Junho de 2025

Aumenta tensão na fronteira entre Belarus e Polônia

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Terça, 16 de Novembro de 2021 às 11:32, por: CdB

Forças polonesas disparam gás lacrimogêneo e canhões de água contra imigrantes, que por sua vez atiram pedras contra os agentes. Varsóvia acusa Belarus de armar refugiados e coordenar operação na fronteira por drone.

Por Redação, com DW - de Minsk/Varsóvia

A tensão aumentou nesta terça-feira na fronteira entre a Polônia e Belarus, onde milhares de imigrantes estão acampados em condições precárias e temperaturas congelantes na esperança de ingressar na União Europeia (UE).
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A tensão aumentou nesta terça-feira na fronteira entre a Polônia e Belarus
Forças polonesas dispararam gás lacrimogêneo e canhões de água contra os imigrantes que tentavam cruzar a fronteira para a Polônia, enquanto estes atiravam pedras contra os agentes. Potências ocidentais acusam o presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, de orquestrar a crise, possivelmente com o apoio da Rússia, ao atrair migrantes para a fronteira a fim de desestabilizar a UE. As acusações são rejeitadas pelos governos em Minsk e Moscou, aliado de Lukashenko. Um impasse perto da travessia em Kuznica-Brusgi, na fronteira leste da União Europeia, teve início na semana passada, quando centenas de migrantes se aglomeraram na região. "Imigrantes atacaram nossos soldados e oficiais com pedras e estão tentando destruir a cerca e cruzar para a Polônia", afirmou o Ministério da Defesa polonês nesta terça, ao publicar um vídeo que mostra aparentes confrontos na fronteira. "Nossas forças usaram gás lacrimogêneo para conter a agressão dos migrantes." A agência da Guarda de Fronteira da Polônia também postou um vídeo no Twitter mostrando um canhão de água sendo direcionado contra um grupo de imigrantes em um acampamento improvisado. A porta-voz do órgão, Anna Michalska, afirmou que, dos cerca de 2 mil imigrantes presentes na região, apenas cerca de 100 se envolveram nos confrontos. Um policial, um guarda de fronteira e um soldado ficaram feridos no conflito, disseram autoridades polonesas. Um deles teria se ferido gravemente e sido levado de ambulância para um hospital com uma possível fratura no crânio. Segundo a polícia polonesa, granadas de efeito moral e bombas de gás lacrimogêneo também foram atiradas contra os policiais. O porta-voz da polícia, Mariusz Ciarka, acusou Belarus de ter equipado os imigrantes com as armas e disse que toda a operação na fronteira foi controlada por drone pelos serviços belarussos.

A resposta de Belarus

Em reação, o Comitê Estatal da Guarda de Fronteira de Belarus afirmou que está abrindo uma investigação sobre uso de força contra migrantes pela Polônia. – Estas são consideradas ações violentas contra indivíduos que estão no território de outro país – disse o porta-voz do comitê, Anton Bychkovsky, citado pela Belta, agência de notícias estatal belarussa. O Ministério do Exterior belarusso também se pronunciou, acusando a Polônia de exacerbar o problema na fronteira. – O objetivo do lado polonês é completamente compreensível, precisa escalar a situação ainda mais, a fim de impedir qualquer progresso na resolução da situação – disse o porta-voz Anataoly Glaz. "Vemos hoje do lado polonês provocações diretas e tratamento desumano dos desfavorecidos." A Rússia também condenou o uso de gás lacrimogêneo e canhões de água pela Polônia, com o ministro do Exterior, Serguei Lavrov, chamando a ação de "absolutamente inaceitável".

Novas sanções

Os confrontos ocorrem um dia depois de a União Europeia anunciar que vai aprovar "nos próximos dias" novas sanções contra o regime de Lukashenko, conhecido como o último ditador da Europa e que esmagou a oposição ao seu governo ao longo de quase três décadas no poder. Bruxelas acusa Minsk de, por meio do fornecimento de vistos aos migrantes, orquestrar o fluxo de refugiados para a fronteira com a Polônia, limite externo da UE, em retaliação a sanções ocidentais ligadas à repressão de protestos em massa contra seu governo no ano passado, na sequência de eleições consideradas fraudulentas. Também na segunda-feira, o líder belarusso discutiu a crise com a chanceler federal alemã, Angela Merkel, em seu primeiro telefonema com um líder ocidental desde que reprimiu as manifestações em Minsk. A Chancelaria Federal da Alemanha informou que foi discutida uma possível ajuda humanitária. Nesta terça, o porta-voz do governo alemão, Steffen Seibert, defendeu que os migrantes retidos na fronteira entre Polônia e Belarus devem ser transportados de volta para os países de origem e descartou um possível acolhimento na Alemanha. – O que deve acontecer é os migrantes, com o apoio das suas respectivas autoridades nacionais, serem devolvidos em segurança aos seus países de origem. Estamos contentes por isso ser posto em prática, em casos isolados ou em grande escala – acrescentou Seibert, referindo-se ao anúncio do governo iraquiano de que iria providenciar um voo de repatriamento desde Belarus. Segundo as autoridades polonesas, milhares de pessoas estão acampadas na fronteira entre a Polônia, país da União Europeia, e Belarus, a maioria oriunda de Iraque, Síria e Iêmen. Esses grupos incluem famílias e crianças. Até o momento houve relatos de 11 mortes em meio à crise.
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