Atividades de formação no período que antecede as eleições

Há uma contradição: exatamente no momento que a população está mais envolvida na discussão política, quando a luta de ideias se intensifica, o número de atividades formativas decai!

Por Augusto César Petta – de Brasília

Escrevi recentemente o artigo “Entidades Sindicais e Eleições: O que fazer?”, apresentando algumas propostas concretas para as entidades sindicais desenvolverem nesse período pré-eleitoral. Agora, pretendo apresentar sugestões relativas especificamente ao processo de formação.

Constatei, nos vários anos que: As instituições sindicais classistas, em geral, valorizam mais as atividades de formação (cursos, debates, palestras, planejamentos estratégicos situacionais, seminários) do que aquelas que praticam o “sindicalismo de resultados” ou assistencial. Entre as instituições classistas, há aquelas que imprimem um processo de formação constante com várias atividades desenvolvidas durante o ano, e há aquelas cujas atividades são realizadas mais esporadicamente. Em geral, há um aumento das atividades de formação nos anos ímpares e uma diminuição nos anos pares, sobretudo no segundo semestre, quando ocorrem as eleições no Brasil. Há uma contradição: exatamente no momento que a população está mais envolvida na discussão política, quando a luta de ideias se intensifica, o número de atividades formativas decai! Constata-se, entre os sindicalistas, um envolvimento maior ou menor, nas campanhas de seus respectivos candidatos e dizem não sobrar tempo para palestras, cursos e outras atividades de formação. A reflexão é que deveríamos reverter esse quadro, intensificando as atividades de formação, para elevar o nível de consciência política dos trabalhadores e das trabalhadoras. O processo de formação tem como objetivo transmitir conteúdos para que o nível de consciência política dos(as) trabalhadores(as), se eleve. Mas, também pode ser utilizado para envolver mais trabalhadores(as) na luta. Além dos(as) sindicalistas procurarem envolver as categorias, através da luta econômica e da luta política, precisam também participar da luta de ideias. Nesse sentido, as atividades de formação, nesse momento, teriam dois objetivos principais: transmitir conteúdos importantes para a formação dos trabalhadores e trabalhadoras; 2. Contribuir para envolvê-los nas campanhas de candidatos(as) progressistas que se disponham a lutar pelos Direitos, pela Democracia e pela Soberania Nacional. O que fazer? Alguns exemplos:

Trabalhadores

Definem-se temas de interesse dos(as) trabalhadores(as) que tenham relação com as eleições. Citamos alguns: Conjuntura Política atual no Brasil e na América Latina; Conjuntura Política e Desafios do Movimento Sindical; Relações de Gênero, Raça e Classe; Direitos Trabalhistas e Previdenciários; Saúde do Trabalhador e Trabalhadora; Comunicação e Fake News; Os Projetos em disputa nas Eleições no Brasil em 2022; evidentemente, há muitos outros. Com os temas definidos, palestras e ou cursos são agendados, presenciais ou remotamente; o CES está à disposição das entidades para esse agendamento. A Diretoria da instituição faz ampla divulgação, procurando atrair a categoria para participar. Se possível, convidar diretores e diretoras de outras entidades, além de trabalhadores e trabalhadoras em geral. Realizar as palestras e ou cursos, podendo serem acompanhados de atividades culturais (músicas, poesias e outras), no início, no intervalo ou no final dessas atividades. Ao lado de muitas outras iniciativas que as entidades possam ter, a Formação terá um lugar importante no plano para envolvimento da categoria e de outras entidades sindicais, no que se refere às eleições.

Eleições

Durante as palestras ou cursos, a Diretoria deverá reforçar a necessidade dos participantes votarem e participarem das campanhas eleitorais de candidatos(as) que efetivamente defendam os interesses da classe trabalhadora. Aproveito a oportunidade para convidar os(as) leitores(as) a participarem do Ciclo Nacional de Palestras Formativas Remotas do CES (divulgado amplamente nas redes sociais), que será realizado nos dias 25,26,27,28 e 29 de julho próximo e que terá como tema central “América Latina, Brasil e a Classe Trabalhadora diante do Movimento de uma Nova Ordem Mundial”. Este tema geral será desdobrado em várias palestras: Conjuntura Internacional e Nacional: Ameaças à Democracia e à Vida; O aprofundamento das Desigualdades Sociais e a luta contra o Fascismo e por mais Direitos; 2023 – Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento; Organização Sindical e os Impactos das Transformações no Mundo do Trabalho; As Entidades Sindicais e a defesa da Agenda da Classe Trabalhadora.  

Augusto César Petta, é professor, sociólogo, Coordenador Técnico do Centro de Estudos Sindicais (CES), membro da Comissão Sindical Nacional do PCdoB, ex- Presidente do SINPRO-Campinas e região, ex-Presidente da CONTEE.

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